A Origem
Depois do sensacional Amnésia, Christopher Nolan virou sinônimo de criatividade. Não é à toa que seus filmes têm arrecadado bastante nas bilheterias. Simples roteiros se transformam em obra de arte estupenda, uma vez que ele consegue imprimir um ritmo tão acelerado na direção que é impossível questionar o que nossa mente está assistindo. Somente depois de rever algumas vezes o produto é que realmente nos damos conta do que vimos. Foi assim no próprio Amnésia, em O Grande Truque e também no Cavaleiro das Trevas. Por isso eu digo aos meus amigos: assista três vezes aos filmes do Nolan, para realmente entender tudo o que ele te apresentou.
Neste novo trabalho, mais uma vez, ele parte de uma idéia simples: a capacidade de “sonhar um sonho sonhado” (com diria o sambista) para criar seu roteiro. Desta forma, Don Cobb (Leonardo Di Caprio) é uma espécie de invasor de mente, especializado em roubar segredos importantes do subconsciente das pessoas, durante o sono. Não bastasse esta premissa interessantíssima, o roteirista ainda apresenta uma derivação mais inusitada e criativa ainda: ao invés de roubar os pensamentos de certa pessoa, Cobb terá que implantar-lhe uma idéia, durante seu sonho.
O porquê não é importante, pois qualquer história alcançaria o mesmo resultado no final. O que interessa é a capacidade do diretor de narrar a trama. Assim, ele parte para sua tradicional montagem cheia de mudanças repentinas de cena, de forma que o espectador pareça estar vivendo também uma espécie de sonho, que ele sabe ser irreal, mas, mesmo assim, vai se divertir muito. Explosões, perseguições, diálogos rápidos e muita, mas muita ação mesmo, vão fazer com que fiquemos grudados na tela aguardando o fecho do filme.
Li alguns comentários sobre a idéia do roteiro e, na maioria deles, os críticos o relacionam a Matrix. Eu já digo que sua semelhança está mais para uma obra do próprio Nolan: Amnésia, pois ele usa basicamente a mesma estrutura narrativa (com muito mais ação), apoiada nos deferentes tempos (ao invés de tempos verbais, aqui ele usa tempos oníricos), sem a necessidade de inverter e misturar a narrativa (o que ele fez em Amnésia, exatamente para dar o efeito “esquecimento” no público), uma vez que lhe interessa apenas que o espectador “sonhe”.
Quanto ao trabalho técnico da produção, é inquestionável; perfeito, como nas suas obras anteriores, principalmente se comparado a Batman. A atuação do elenco também fica à altura, com certo destaque para Di Caprio, que é o dono do filme.
Mas, apesar de toda esta empolgação, depois que digeri com calma o que assisti, comecei a questionar algumas situações da trama e me pareceu que a direção segura e toda esta montagem perfeita acabou escondendo muito bem algumas pontas soltas do roteiro, o que me fez avaliar o filme como regular. No entanto, cumprindo minha própria regra, assisti-lo-ei mais uma vez. Com Amnésia, na primeira vez que vi, achei o filme bom, afinal a idéia era ótima. Mas tive que ver uma segunda vez para tirar algumas dúvidas que ficaram. Meu conceito já subiu bastante. No entanto, para confirmar o que assistira, revi uma terceira vez. Resultado: acabei concluindo que é o melhor suspense de todos os tempos... Quem sabe isto não ocorra com A Origem?
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