Antes de assistir TITANIC, eu tinha uma visão preconceituosa: só mais um blockbuster de Cameron para faturar grana em cima dos efeitos especiais e das cenas bonitinhas do romance. Bom, o filme mistura fatos reais com ficção. No início, acompanhamos um grupo de “caçadores de tesouros” vasculhando os destroços do RMS Titanic, aproximadamente 85 anos depois do desastre. Eles procuram por um diamante azul que pertencia a Rose Bukater (Kate Winslet), mas não o encontram. Rose, agora com 100 anos (Gloria Stuart), revela que o desenho que os “caçadores” encontraram em um cofre, de uma mulher nua, retratava ela mesma e que foi desenhado por um grande amor, Jack Dawson (Leonardo DiCaprio). Isso desperta o interesse de todos, que pedem para ela contar como foi a experiência antes e durante o desastre.
E é dessa forma que a história é contada: um flashback gigante mostrando como Rose e Jack se conheceram e como ela sobreviveu. Até aí, tudo normal! A cena mostra o navio afundado, todo quebrado e cheio de musgo e, de repente, voltamos para 1912, no dia do embarque do transatlântico. Essa cena é absurda! Nós observamos que o navio tem vida, todos os detalhes de seus aposentos, dormitórios, deques, fornalha, etc. Presenciamos a expressão dos cidadãos quando avistam pela primeira vez o “navio-titã”. Nesse momento, podemos notar a profundidade histórica do longa. Não só a direção de arte e o figurino estão fiéis, como também os acontecimentos. Os ricos, esnobes e arrogantes, chegam em seus carros, enquanto os pobres são revistados e examinados (a desigualdade e o preconceito econômicos e sociais).
Enfim conhecemos Rose DeWitt Bukater e sua família, composta por sua mãe (Frances Fisher) e seu noivo (Billy Zane), ambos ambiciosos. Conhecemos a personalidade de Rose, que parece não se impressionar com nada, banalizando a imagem do navio. Na verdade, tudo isso é uma casca que cobre uma garota culta, aventureira e, de certa forma, frágil, que odeia o estilo de vida padronizado. Em outra cena, nos vemos em um bar, no meio de um jogo de baralho, protagonizado por Jack Dawson, que acaba ganhando a passagem para a viagem devido a uma aposta de seu adversário. O garoto é sonhador e irreverente, embora de classe baixa. É um artista que adora viajar para todos os lugares. Como ele diz: “Dependo da vontade de Deus.”
Durante o longa, vemos a ligação entre Rose e Jack crescer, de um simples olhar no deque até um beijo épico ao pôr-do-sol na proa do navio (talvez uma das cenas mais memoráveis do cinema). Em nenhum momento, esse romance demonstra ser superficial ou forçado. A química entre DiCaprio e Winslet funciona perfeitamente (tanto que Sam Mendes juntou o casal de novo em REVOLUTIONARY ROAD).
Chegamos ao vilão Caledon Hockley, noivo arrogante e ambicioso de Rose. Zane interpreta o típico vilão da Disney, com olhares ameaçadores e momentos de fúria quando não consegue o que quer. Ele tem até um capanga mal-encarado (David Warner) que, às vezes, é feito de bobo tendo que perseguir Rose e Jack por todo o navio.
O filme tem mais de 3 horas de duração e isso não é ruim como em outros filmes, em que a extensa duração é desnecessária e acaba chateando os telespectadores. TITANIC é dividido em duas partes: o romance e o desastre. Sim, temos aproximadamente 1 hora e meia de caos, o que torna o clima do filme muito mais intenso e revoltante (situação dos botes de emergência). É nesse momento que o filme impressiona pela sua qualidade audiovisual, provocando uma total imersão em quem assiste. Não é exagero considerá-lo como um dos maiores rivais de THE LORD OF THE RINGS nos quesitos técnicos (e na Academia também). É realmente impressionante a transferência da beleza e alegria para a dor e o sofrimento provocados por um simples descuido de dois vigias.
Por fim, falemos da parte técnica do filme! TITANIC mereceu cada Oscar: montagem, efeitos visuais, fotografia (lindíssima!!!!), etc. Incluindo Canção Original; o prêmio foi para Céline Dion por My Heart Will Go On, talvez uma das músicas mais lindas e memoráveis de todo o cinema. Dion realmente quebra barreiras, causando arrepio nos telespectadores quando ouvem aquele suave assobio de início.
Só para terminar: TITANIC não é só um blockbuster ou um romancinho clichê. Muito pelo contrário! Ele traz um contexto histórico, uma história de amor com uma originalidade absurda e mais uma revolução para o cinema. Para quem não assistiu ainda, não sabe o que está perdendo!
O MELHOR FILME DE TODOS OS TEMPOS. APENAS.
Não é o melhor pra mim, mas com certeza é um dos melhores. Eu fico triste quando alguns pensam que é uma "novelinha romântica, abordando o romance mal resolvido de uma velhinha de 100 anos". É ridículo! O filme possui um conteúdo social gigantesco, falando sobre as vidas padronizadas dos ricos e os jovens aventureiros de classe baixa. Acho um filme quase perfeito.