O início não é muito promissor, porém, aos poucos, a história engrena. A longa duração, com o mesmo ritmo de "batida musical" (incluindo as repetidas coreografias), praticamente inalterado, cansa bastante quem não é fã do estilo. Por ser uma "peça filmada" é complicado analisar como obra puramente cinematográfica, sem as mesmas técnicas de produção e feitos visuais que há, por exemplo, em "Os Miseráveis", mas não chega a ser decepcionante.
É uma obra de extrema profundidade subjetiva, que consegue transparecer isso sem ser pela via fácil, mas principalmente com a naturalidade de imersão. Pega o tradicional e não o abandona, reescreve da forma que se necessita. Toma liberdades e quebra formalismos com graça louvável e traça caminhos narrativos precisos, tudo através do poder das rimas, sonoras ou visuais. De fato, um espetáculo.
Difícil analisar como cinema uma vez que não o é ,bem como meu conhecimento "limitadérrimo" quanto a musicais da broadway também poderia me permitir. A mistura do rap com o musical ficou absurdamente bem orquestrada, algo que me incomodava de início, mas alguns números são extraordinários e altamente empolgantes. Talvez para o americano seja um musical mais relevante enquanto para mim , curioso.
A nota é para o musical em si, absolutamente fascinante, fenômeno compreensível. Vale como registro para todos aqueles que não puderam viver a experiência na Broadway, já que uma adaptação de fato para o Cinema seria um projeto hercúleo.
Um pouco longo demais, e pareceu que o protagonista muitas vezes saiu do centro da narrativa. Ainda assim, uma aula de história, basicamente Hamilton, um dos federalistas, assume a defesa de um Estado interventor ainda no berço, sendo secretário do tesouro, pôde estruturar o Estado, de modo que é possível refletir sobre os atuais desenvolvimentistas. Grande sacada pôr atores negros para interpretar os políticos racistas da época. Deve ser uma apoteose assitir sendo norte-americano.