Lupas (7)

Começa tão morno que quase se torna entediante, mas na segunda metade dá uma reviravolta que dói no coração, pobrezinha da irmã, muito significativo, ações e omissões que geram resultados marcantes para toda a vida, se cada personagem tivesse agido de maneira diferente, muita dor seria evitada, e essa reflexão que fica ao final do filme, ações e omissões sempre geram respostas...

Muito legal as variações dos tamanhos de tela conforme o emocional de cada fase vivida pelos personagens.

Há várias tramas possíveis pra esse filme, da relação narcisista com o pai ao machismo entranhado em uma sociedade que almeja a representação egoísta de seus corpos. Não sei se foi correta a opção de deslocar o roteiro do irmão à irmã, que entrou meio que repentinamente, quebrando o ritmo. O certo é que o filme abre margem a uma série de discussões interessantes , embora não necessariamente seja visceral.

Do nada ao lugar algum. Dispensável. Menos mal que, mesmo tendo várias tentações para tal, não cai na apelação fácil da questão racial para agradar o universo hollywoodiano.

Esse pra mim já nasceu clássico. Poucas vezes vi toda a ebulição dos conflitos juvenis ser representada de maneira tão perfeita quanto nessa joia de TDS.

A decupagem de Shults nos primeiros minutos chega a dar dor de cabeça e o filme parece que vai seguir nessa histeria estética despropositada até o fim - no entanto, ela logo começa a fazer sentido e se conectar com o estado psicoemocional do protagonista sob pressão. No mais, trata-se de uma trajetória bem arquitetada e emocionalmente impactante de uma família rumo ao colapso e os cacos supervenientes. Reznor e Ross, a montagem e o elenco se destacam.

Em certas passagens, o drama é exagerado, quase em tom novelesco - no mau sentido do termo -, mas há instantes arejados e de beleza suave em meio às tribulações sofridas pelos irmãos. Suas trajetórias são contadas uma de cada vez, como se fossem dois filmes, e o público tem a chance de acompanhar com calma seus desenrolares.