Lupas (70)

Tanto pelo seu sempre presente humor, pelos momentos de tensão ou críticas a desigualdade, Parasita hipnotiza o expectador como poucos, sendo impossível se desligar do filme durante todo seu tempo. A representação das diferenças de classes, sendo os pobres vivendo em porões como ratos sujos e fedidos em contraste com um sonho quase impossível de ascensão social é, literalmente, brutal.

É o Bong de Memórias de um Assassino de volta, impressionando com sua criatividade pulsante na escrita e na encenação de cada set piece. Consegue ser, ao mesmo tempo, o maior suspense e a maior comédia (de erros) do ano. A psicologia dos personagens e o olhar sociológico, novamente, se retroalimentam na construção de sua intensa dramaturgia. Se tivesse que apontar um destaque no fabuloso elenco, seria a matriarca rica de Yeo-jeong Jo, incrivelmente hilária.

Sempre sendo engraçado, mas nunca deixando a critica acida de lado "Parasita" consegue ser um dos filmes mais importantes de 2019. Com atuações ótimas e uma parte técnica, que já nos acostumamos com filmes coreanos, sempre maravilhosa. Existe, aqui, uma energia muito mais embasada que nos filmes anteriores de Joon-ho Bong, se tornando assim seu melhor trabalho. E Kang-ho Song já era e reafirma como é um dos melhores atores da atualidade.

Joon-ho Bong acerta no tom cômico aqui. Muito divertido, ele esquematiza a canalhice de uma família querendo fazer a vida em cima de outra. O contraste de estilo de vida é muito bem realizado, Kang-ho Song sobra como sempre e entrega o desgaste de ter que lidar com o preconceito, o nojo da elite contra os marginalizados. Infelizmente, o final escancara um furo de roteiro onde o quarto secreto seria revelado e assim destruiria a ideia final da história.

Gostei demais. Me fez despertar o interesse por filmes coreanos

Um delírio agradabilíssimo! Roteiro surpreendente. Humor e crítica social sem perder a mão.

Uma absurda e mordaz crítica do capitalismo desregulado, "Parasita" é uma metralhadora contra essa engrenagem social que provoca desigualdade, exclusão, alienação, insensibilidade e violência. Não que os ricos sejam vilões - apesar de toda indiferença e preconceito dos mesmos -, mas é todo um processo secular de manutenção do status quo que precisa ser revisado e combatido. A luta de classes é mais presente do que nunca. Qual é a sua classe?

Em dados momentos, acaba se excedendo no rocambolesco. Não obstante, Bong sustenta o fio narrativo e apresenta um conflito de classes para além do óbvio, com personagens que escapam dos rótulos tradicionais de simplesmente bons ou maus. O parasitismo ao qual o título alude, por sinal, também é adaptável a mais de um olhar, e é curioso perceber que Cannes se rendeu pelo segundo ano seguido a uma família disfuncional.

Os 30 minutos finais não correspondem ao restante ainda que terminem o filme de forma satisfatória. Até a metade é quase perfeito em sua proposta e extremamente divertido.

É um inteligente e eficaz retrato crítico das diferenças de classe de um país (e do mundo).