É um documentário que se inicia fascinante pela própria história de Fogel, mas depois toma proporções mais ambiciosas ao se tornar um doc político. Essa ambição poderia ser louvável, não fosse o tom emocional e que busca atenuar a participação de Rodchenkov. É sério mesmo que ele não adquiriu nenhum benefício por sua participação e se arrependeu? Por favor, os EUA adoram essas narrativas morais que vilanizam.
Quanto vale uma medalha olímpica, principalmente, de ouro (valor medido não só em ganho financeiro)? Enquanto o esporte, qualquer que seja, continuar aumentando a recompensa pela vitória, cada vez mais haverá pessoas dispostas a burlar a lisura do processo competitivo (como cita Rodchenkov), o que certamente vem acontecendo há muito tempo. Mas seria só a Rússia a grande vilã do espírito do barão de Coubertin? A obra é relevante, porém, peca pelo início confuso e ausência de dados provativos.
Quando Rodchenkov ri de si mesmo e de sua própria história falando em "Império do Mal, PROPAGANDAH e tudo mais", eu penso que o documentário Ícaro e os prêmios que ganhara, como o Oscar, nada passam de uma propaganda moralista contra uma nação rival a dos EUA - o que enfraquece a sua crítica, quer queira, quer não!
O ritmo desse documentário não é dos melhores, mas o roteiro faz uma ótima alusão à obra de George Orwell, 1984. Primeiro aprenda como a mentira foi criada, depois entenda o porquê e como e, por último, aceite a realidade - no caso, que a Rússia ainda é antidemocrática e que tudo o que foi narrado ainda acontece. É com base nisso que o documentário mostra o esquema de fraude dos exames antidoping que o governo russo patrocinou há anos em favor de seus atletas.
Os primeiros 40 minutos são um lero-lero sem precedentes e há alguns truques bestas tbm (edição e montagem porcas). O restante tem um maniqueísmo hollywoodiano eficiente, até pq o material em si é muito bom.