O preto-e-branco fecha os personagens em situações frias, distantes, nas quais a insatisfação com o amor prevalece, levando a questionamentos e diálogos sobre sua própria natureza e suas relações com a liberdade. É, assim, um filme de diálogos e silêncios. Dentro desse âmbito, personagens se interligam por meio de identificações mútuas, segredos e desconfianças, em um dança entre pares quue, desconfortavelmente ou não, sempre deixa alguém de fora.
A contínua e intrigante - para não dizer teimosa - busca do amor. Um preto e branco que denota poesia e sensibilidade. Há sempre elegância e prazer no Cinema de Philippe Garrel.
Garrel retrata a fragilidade dos relacionamentos ao mesmo tempo que exalta e contempla o mesmo. Um olhar apaixonado, acompanhado com uma enorme elegância ressaltada pelo p&b, os closes e as ambíguidades que permeiam os personagens.
Temos aqui sentimentos explodindo na tela com uma veracidade impressionante. A elegância fica por conta de todo o resto, mas o que realmente importa são os fragmentos mais que convincentes de Vida que teimam a ficar conosco muito depois da sessão.
Mesmo em um trabalho de argumento menos consistente, destaca-se o tato de Garrel para construir personagens de carne e osso e versar sobre relacionamentos e sua não linearidade.
Fiel ao seu estilo peculiar e à obsessão por amores combalidos e suspiros nostálgicos, Garrel entrega mais um retrato contemporâneo de relações com ares de relíquia.
Mantém o mesmo clima do longa anterior do diretor, que agora se aprofunda sobre términos, destemperos e desilusões nos relacionamentos, além de voltar ao tema da infidelidade. A curta duração faz bem ao filme. Simpático.