A narrativa é arriscada e portanto controversa. Pode passar a impressão de que o filme normaliza a pedofilia em casos específicos. Vejo, no entanto, de forma contrária. Mostra como o psicológico da vítima se torna um confuso produtor de sentimentos ambivalentes. Ela não parece ter ódio do seu abusador, mas sim uma veleidade de continuar crendo no seu suposto amor. Trama complexa.
Ao romantizar algo tão hediondo, que é a pedofilia, o roteiro especula o quanto a personalidade da vítima é destruída, enquanto o criminoso encontra explicações naturais para seu comportamento anormal, e segue sua vida, no entanto, a trama não convence, muito menos as atuações. A direção, ao tentar sensibilizar o tema, do ponto de vista de ambos (para isso, a edição abusa de curtos flashbacks, entrecortados na história, mas sem sequência), na verdade, perde o foco e sequer finaliza a obra.
Ele é lento, mas imagino que todo mundo que tenha passado por algo parecido, seja como vítima ou como "algoz" se interesse pela filme, e consiga manter sua atenção, achei excelente, intrigante...
Força a barra em vários momentos com as atitudes inverossímeis dos personagens. Além do mais, o vaivém temporal é um artifício que soa pretensioso aqui.
Una é um longa rápido e direto ao ponto sobre os danos psicológicos causados por um relacionamento pedófilo, utilizando o complicado tema para discutir como o ato pode ser peça preponderante da ruína eterna de uma pessoa. Atuações cruas e corajoso texto.