Enquanto é de certa forma um manifesto feminista funciona muito bem mas tem algo em seu desfecho cheio de previsibilidade que compromete por demais a sessão. Tem todo aquele espírito crônico da novelle vague maravilhoso em todos os sentidos apesar da condução não ser das melhores.
Quatro mulheres substancialmente diferentes, defendidas com competência pelas quatro ótimas atrizes, dividem o mesmo local de trabalho e segredos, mas ao fim do expediente, a efervescência e as diversas possibilidades que se projetam naquela moderna Paris colocam cada uma em sua própria forma de exercer a vida. Em oposição, as figuras dos homens evocam morte, privação e asfixia. Para além disso, é um filme gostoso de acompanhar, com personagens agradáveis e espaços de atmosferas charmosas.
Primeiro Chabrol q vejo e gostei bastante. Tem o espírito da Nouvelle Vague, a juventude, a boemia, as ruas de Paris, e chama a atenção p/trazer protagonistas apenas mulheres, explorando 4 "tipos" e suas aventuras amorosas (onde os homens quase sempre são patéticos). [SPOILER: Interessante q foge do tom do movimento ao final, conforme cresce a tensão c/o motoqueiro perseguidor, revelando seu lado hitchcockiano, e culminando no final trágico.] E pqp, como a Bernadette Lafont era maravilhosa!
Interessante e misterioso, sem um ponto futuro (o que às vezes cai muito bem vide um Rossellini), mas é um cinema imaginativamente e liricamente muito aquém do esperado (falo da impressão inicial, mas não pretendo rever tão cedo).
Chabrol trata do universo feminino e seus dilemas com grande frescor e maturidade. São jovens mulheres em busca de companhia - uma forma de aliviar o tédio e a solidão. A noite em Paris é território de caçadores e corpos em efervescência. Belo filme!