Lupas (9)

O clima de tensão é preparado desde seu início de forma cortante e angustiante mas confesso que pessoalmente senti uma certa redundância e mesmo com os esforços de Lupino em uma direção de fotografia e de atuações excelentes, a tensão declina e muito em seu trecho final. Ainda sim , é um excelente filme, curto , elétrico e empolgante (pelo menos em boa parte de sua duração).

Atmosfera que caminha entre a desolação e a angústia. Tensão sempre crescente. Uma sensação de solidão e desespero a permear suas imagens. É o Noir no melhor de sua composição. Ida Lupino era uma grande atriz. Como realizadora se revelou de uma força impressionante.

Um interessante road movie onde a imagem do vilão psicopata que é excluído por todos desde nascença e começa sua vingança contra o mundo, contrasta com os amigos que são companheiros de fato até o fim.

Em 1952, Billy Cook foi executado na câmara de gás da prisão de San Quentin, no norte da Califórnia. O corpo foi devolvido a Joplin, Missouri, onde Cook havia nascido em 1928. A vida e a história de Cook poderiam ter sido esquecidas, mas sua onda de crimes inspirou o primeiro filme noir dirigido por uma mulher: ''O Mundo Odeia-me", de Ida Lupino.

Sufocante à cada minuto, graças a primorosa direção de Ida Lupino, que cria uma deliciosa e envolvente tensão. E ainda há espaço para o roteiro criar um eficaz estudo de personagem. No final das contas, a angústia está tanto nas vítimas quanto no criminoso.

Interessante demais, curtinho e muito certeiro, não desperdiça o tempo e faz todas as cenas serem importantes. O vilão, sádico realista, é muito bom - além de ser marcante com seu olho caído.

Segurança criminal em meio a um filme mais do que afrente de seu tempo.

A grande Ida Lupino entrega uma pequena obra-prima asfixiante e opressora, que não se assume um noir, como é dito por aí, e prefere aportar no suspense psicológico árido e perverso apoiado em três desempenhos brilhantes.

03/02/15