Poxa, outro filme do Losey que começou me chamando atenção mas depois não conseguiu me prender. Lá pelas tantas me desliguei completamente e não consegui mais seguir o noir que Losey propôs.
A autoridade do policial abandona o valor de honra que a profissão requer e, partindo disso, a narrativa se reformula em suas tramas e tensões, isso sem soar episódico e se mantendo orgânico.
Inveja, oportunismo, ambição desenfreada, a busca pela felicidade através da quebra de paradigmas. Losey transforma um roteiro aparentemente simples (ênfase no “aparentemente”, já que tem a mão de Dalton Trumbo) em um estudo sobre a vida do cidadão norte-americano comum do pós-guerra (Webb, um policial frustrado, e Susan, uma dona de casa apagada pelo american way of life). Já demonstra o que Losey trabalharia em obras posteriores como O Mensageiro, por exemplo.
A entediante vida no subúrbio americano. Lugar perfeito para Joseph Losey contar sua história de inveja, enfado, paixão, sonhos e morte. Não sobre o prisma do julgamento, mas de quem entende que até mesmo a sordidez é meramente parte da condição humana.
Mais um noir/romance, mas é muito bom. Genial a idéia do marido na rádio, e legal a idéia de fazer um noir com um policial anti herói. Ao invés da femme fatale, aqui é o macho fatale.
Losey novamente filma uma relação em que da repulsa nasce um estranho afeto/desejo, mas dessa vez lançando uma visão crua e fatalista sobre o american way of life - "Um Lugar ao Sol" ainda mais hard. A última cena é simbolicamente perfeita.