Abrindo mão dos diálogos quase totalmente (só há uma rápida cena de canto), Shindô oferece uma experiência imersiva no cotidiano de uma família simples, extraindo poesia do comum e despertando uma ampla gama de sensações. O tipo de sessão que exige entrega e compreensão.
Dos poucos filmes mudos que o são por extrema convicção.Kaneto entrega uma obra poética, contemplativa e simbólica à respeito do Japão e sua população que teima em seguir em frente, no trabalho que gera a vida, no trabalho que gera a morte.
É de uma beleza irrefutável. Melancólico e lírico. Versa sobre a valorização da vida, com suas dificuldades, seus caminhos trôpegos, seguir em frente é tudo que resta. Ou como fazer poesia com imagens!
O cinema em sua quintessência: a imagem como o fator primordial e absoluto; o som como tecedor climático de momentos. E a grandiosidade floresce do minimalismo.