Jacques Rivette empregou na prática a narrativa que foge das convenções, a imaginação livre, a viagem alucinante pelas possibilidades do filme, da fabulação, do artifício. Cinema, teatro, literatura, sonho, tudo agrega, tudo é fantasia, tempo e memória coexistem, o experimento ganha vida. Nada é obrigatório, tudo que interessa é a liberdade da imagem, o prazer da encenação, os delírios de uma ficção rebelde, ousada e absurda. É para se deixar levar pela apaixonante aventura de ser um filme.
Começa bem normal até, mas envereda por caminhos descontínuos e brinca com o inesperado a maior parte do tempo. Céline e Julie são duas sapecas em busca de um pouco de aventura em uma existência banal, e Rivette alude claramente à nouvelle vague tcheca, porém com muito mais graça e engenhosidade. Poderia durar uma hora a menos e seria redondinho.
Filme de respeito. Como bem lembrou o Dalpizzolo é um exercício de fabulação extremamente criativo e tbm maneirístico até o osso (ainda que nada tenha me soado gratuito). De resto há um distanciamento natural meu com relação a obra...
Aparentemente Rivette assistiu aos clássicos da novelle vague checa, copiou seu formato e diluiu todas as simbologias e significados dos filmes checos em duas paspalhas assistindo novelas. A comparação estética então seria um crime contra o cinema.
Tem um comecinho legal mas cansa rápido, por volta de 40 minutos já beira o insuportável e sobra um longo tempo de nada.
A afetação costumeira do cinema francês é a definição de chatice - a história dupla não tem significado algum, ausência de lógica abate o raciocínio.
(cometi um erro ao rever isso aqui, nunca mais).