Como exemplar da nouvelle vague japonesa que é, passeia pelos personagens sem dar muitas informações de mão beijada, mas o cerne da trama é até bem tranquilo de assimilar. A metáfora do porcos é um recado sarcástico de Imamura para uma sociedade mergulhada na degradação de conceitos. Haveria uma janela de esperança?
Um violento manifesto dos problemas sociais do Japão no pós-guerra. O choque com o ocidente produz uma fauna de criaturas marginalizadas, violentas e absurdas. A derrocada da civilização é nada menos que uma visceral descida ao inferno. Uma sujeira degradante onde porcos e homens coexistem no mesmo plano.
Tem questões relevantes sobre a decadência moral humana aliada ao falso olhar de encantamento do mundo para os EUA, mas o que mais me agradou foi a condução de câmera de Imamura, muita originalidade nos enquadramentos e fotografia belíssima.
Endeusam tanto Kurosawa mas esquecem que na mesma época, outros nipônicos ergueram monumentos como esse. Só tenho a agradecer por Imamura ter existido.
Um filme que quer dizer tantas coisas, abraçar uma sociedade inteira, e consegue resolver suas ideias sem se levar a sério - e com alguns furos invisíveis num roteiro espetacular. Um diamante nipônico. FILMAÇO.