Filme pouco lembrado de Antonioni que marca o início da grande fase do diretor. A diferença está nos personagens, sai a burguesia, entra o proletário. Mas estão lá a angústia, o deslocamento sem rumo, a solidão fria, a impossibilidade de fugir de si mesmo. As palavras que não saem em um mundo tomado pelo desespero. De uma singular beleza melancólica.
Me fascina a forma como Antonioni dirige suas compoições de cena e passeia com sua câmera mesmo que sua forma narrativa e ritmo sejam inversamente proporcionais e não consigam geralmente me conquistar por completo. Talvez seja o primeiro grande filme do diretor e sua marca autoral está impressa em seu personagem perdido em um vazio existencial, solidão e amargura.
Antonioni tirando poesia da vida de um sujeito medíocre e desinteressante. Lindíssima a movimentação dos personagens frente a câmera, parece um teatro ou mesmo uma dança de angustia e desilusão.
Quando há somente seres humanos envolvidos, conjugar o verbo "amar" na primeira pessoa do plural acompanhado do seu respectivo pronome oblíquo é uma arte complexa. Antonioni sempre devastador.
Marca uma consolidação na estética de Antonioni, com a composição dos quadros ressaltando a instabiliade emocional e o vazio existencial dos seus personagens valorizando os cenários e o clima inóspito. Clara prévia da Trilogia da Incomunicabilidade.