- Direção
- Roteiro:
- Luís Sérgio Person
- Gênero:
- Origem:
- Duração:
- 107 minutos
Lupas (36)
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O cinema tem o poder de eternizar imagens, e aqui vemos São Paulo em sua efervescência industrial, com os meios de produção sendo postos a nu, e o meio disso tudo um anônimo perdido em seu caminho niilista, à mercê de relacionamentos que nunca se concretizam e atordoado pela lógica do capital urbano ditando o novo tempo. É como ver o surgimento de um monstro que vai abocanhar em impessoalidade nas ruas, mas de perto irá sempre privilegiar as redes corporativas, num ambiente por demais complexo.
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"...é a denúncia da classe média como visceralmente vinculada à grande burguesia, de quem depende sua sobrevivência e a quem se associa na exploração do proletariado; é a denúncia dessa massa atomizada, sem perspectiva, sem proposta, unicamente preocupada em elevar seu nível de vida e, portanto, inteiramente à mercê da burguesia que a condiciona. Em sua indefesa total, Carlos tem os braços abertos para o fascismo. (BERNARDET, 1968, p. 80)"
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um retrato dos frutos caóticos da industrialização. São Paulo emerge como símbolo dessa modernidade desenfreada, sufocante; uma fortaleza onde a ambição inescrupulosa é tratada como corriqueira, como mérito. a rotina vazia e conformista como um vício que, de tempos em tempos, causa tamanha angústia que Carlos foge, para logo depois, tão perdido quanto antes, voltar a ela. tão atual que chega a doer
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Mais um para o hall da fama de filmes superestimados brasileiros.
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Serve como registro de uma época. Só!
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Assistir a São Paulo S.A. a quase 60 anos de seu lançamento original é constatar sua atemporalidade e imanência. Mesmo com as limitações presentes, a condução de Person, bem como as imagens evocativas e opressoras suscitadas, transformam São Paulo em uma coletividade monstruosa em que corpos e rostos se movimentam ao fundo, indiferentes e desprovidas de agência. Essa impessoalidade contamina até mesmo o protagonista que luta pra não ser eliminado frente a essa realidade massacrante.
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Com grandes atuações de Walmor Chagas e Eva Wilma, excelente direção de Luís Sérgio Person e um roteiro muito bom que ainda é muito atual tornam São Paulo S.A. um excelente filme, um dos melhores nacionais que eu já vi. Gostei da narrativa não linear, mas em alguns momentos achei um pouco confuso. Mas tirando isso é um grande filme. Filmaço.
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É uma interseção da Novelle Vague e sua montagem frenética com o retrato social duro do Neorrealismo. Inventivo, desfragmentado, extremamente atual, a cidade é o personagem principal e Carlos e o resto são só engrenagens de ciclo vicioso claustrofóbico.
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Person trilhou seu próprio caminho na história do cinema, flertando com os mais variados movimentos e refinando sua identidade a favor do contexto. São Paulo S.A. é transposição material, psicológica e sensitiva. É saber o que é pisar em terras brasis.
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Não quero parecer um 'Cinema Novista', mas não pude deixar de notar nesse filme aquele estilo derivado de Cinema na linha de 'O Cangaceiro', agora, nos anos 60, com Nouvelle Vague e tudo mais. O resultado então tem um certo ar esquemático e artificial.
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Empatia imediata pelo malfadado herói noir brasileiro.
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Um filme que mostra a angústia de se viver em uma metrópole que está sendo formada a todo vapor e da impossibilidade de fuga nesse contexto sistêmico.
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Considerado um dos melhores filmes brasileiros, o "interessante" do roteiro enigmático é que você sente na pele o que ele mostra: tédio. É torturante! Após 2 horas fica-se entorpecido. Só recomendo para quem tem curiosidade ou queira dormir pesado.
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''Não dá pra sonhar aqui'' ..
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A angústia do homem industrializado perante a complexidade do meio urbano. As paixões, a solidão, o matrimônio, a ideia de recomeçar como pretexto para a salvação. Estar na cidade é viver em constante embriaguez.
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O cotidiano inalterável. O enlouquecedor barulho das máquinas. A angústia permanente e atemporal de uma vida adulta moribunda. Não aguentamos mais! Porém, é preciso voltar. Segunda feira, tudo recomeça. Tão brutal e realista como um filme sem sonhos.
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28/10/06
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Aquela melancolia que corrói por dentro e destrói tudo à sua volta.
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O homem comum sufocado por uma sociedade hipócrita, iludida, limitado pela medíocre rotina, que espera sempre recomeçar fracasso após fracasso. Um filme simples, mas grandioso, uma direção magnífica de Person. O cinema nacional nunca me agradou tanto.
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Quando uma engrenagem já sente a ferrugem de viver.