Lupas (13)

A família seria um campo de batalha, um lugar onde se criam ressentimentos, angústias, dor. A desintegração é um processo lento e inevitável. "Roleta Chinesa" é um filme opressor, agressivo no seu rigor. Um dispositivo de olhares, nervosos, inconstantes, melancolicamente ambíguos. É Fassbinder satirizando os comportamentos burgueses, os valores de uma sociedade vazia que tanto despreza. Está na primeira prateleira do diretor alemão.

Talvez a trama e todo aquele desenrolar de supostas quedas de máscaras nem tenha me chamado a atenção. Mas o cinema de Fassbbender , e pelo menos este é de uma frieza estética notável e creio que aqui resida seu ponto positivo: um trabalho de câmera impecável.

Ritmo problemático, atuações estranhas e sem impacto, firulas de câmera desnecessárias, exploração pobre da proposta inicial e dramaturgia vaga. Acompanhar os olhares entre os personagens entretêm até certo ponto, quando o filme passa a não revelar muito através deles.

02/07/11 - Um ácido e tenso drama familiar baseado no falso moralismo burguês e suas necessidades de se manter convenções sociais. Filmado com maestria por Fassbinder, diálogos de teor reflexivo e personagens complexos.

Um complexo jogo de emoções humanas amarrados a um espaço fechado e relações familiares de uma elite fictícia envolta de prazeres. Personagens sinistraços numa estética muito peculiar do Fassbinder, me pareceu dos mais pessoais. A catarse final é genial!

Fassbinder já começa batendo.Um duplo adultério e a arrogância de uma amargurada. O que é aquele jogo ? A genial marcação teatral cria uma disposição visual incrível,coroando um despejo de acidez e mágoa profunda que barreira nenhuma pode segurar.

Cruel. Fassbinder e sua ácida crítica a burguesia acomodada com seus amantes e mentiras diárias, tentando fazer disso algo comum. O resultado é uma explosão de hipocrisia por todos os cantos. Ao final, aquela garotinha já não é mais um ser humano.

Toda uma construção paciente até o clímax impiedoso, que lança por terra os códigos do bom falar e proceder em questão de minutos.

Até que ponto se pode fugir quando tudo já foi pulverizado? Uma menina manca te convida pra Roleta Chinesa, um jogo brutal e direto, onde máscaras protetoras e desistências não são permitidas. Ah, e pra fechar, ainda há Kraftwerk e um Cliffhanger boladão.

O que aparenta ser apenas um jogo simples, para matar o tédio, vira uma experiência extremamente sufocante, graças a diálogos cortantes e a visão fria e pessimista, mas nunca menos que genial, de Fassbinder!

Roleta Chinesa é uma variação de Whity (1971) e uma espécie de primo distante de O Anjo Exterminador (1962), de Buñuel, e Salò ou os 120 Dias de Sodoma (1975), de Pasolini.

Da asperidade dos embates familiares à elegância das imagens de Fassbinder, um espetáculo audiovisual e psicológico.

Envolvente, intrigante, com adultérios, maldades, frieza, alguns dos ingredientes deste roteiro seguro. Como defeito, não gostei da forma TEATRAL com que os atores se movimentam e dos CLOSES em demasia.