Caminhar pelos conto de fadas sempre foi algo recorrente no cinema. Walt Disney ganhou fama e fortuna em seus desenhos animados explorando as mais variadas e famosas fabulas infantis extraídas da literatura. E várias adaptações em Hollywood foram criadas, umas fiéis, outras nem tanto. Num momento onde tudo na industria está saturado e necessitando de mais e mais, uma inundação destas adaptações tomaram conta da tela, sobretudo na última década, onde dezenas foram lançadas. Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho e mais recentemente Cinderela, ganharam versões para adolescente nos moldes Crepúsculo. Em Espelho, Espelho Meu e Shrek, o mote era desconstruir. Até personagens secundários vem ganhando filmes solo, vide Malévola.
Após demonstrar certo esgotamento, a Disney agora decidiu juntar várias destas histórias clássicas e montar num único filme. Terry Gilliam já havia feito isso no ótimo Os Irmãos Grimm, de maneira mais sutil e bem humorada. Aqui coube ao experiente Rob Marshall orquestrar estas histórias e criar um musical. Dono de um dos melhores exemplares do gênero ( o oscarizado Chicago), ele parecia ser uma escolha coerente. No entanto, parece que se tornou mais um capacho de estúdio, e não seria para menos, já que recentemente trabalhou para a Disney em outra dispensável sequencia de Piratas do Caribe. O resultado, ao contrário do trailer e da expectativa criada, é confuso e muito ruim.
Já em seu inicio, o filme já perde a identidade, justamente por não impor um protagonista a trama. Vemos o começo da história de Cinderela ( interpretada pela bela Anna Kendrick ), e depois cortada para o casal central da trama ( vividos pelo insosso James Cordem e por Emily Blunt ). Estes terão que reunir elementos de personagens dos contos, a serviço de uma bruxa ( a sempre magnífica Meryl Streep ) para quebrar um feitiço sobre eles. Tudo é explicado de maneira confusa e mal ajambrada, a gosto do roteiro. Não resta dúvida que o personagem principal é a bruxa de Streep, como nas campanhas e cartazes que o antecederam, não fosse seu pouco tempo em tela. Esse aliais é mais um dos inúmeros problemas de Caminhos da Floresta. Em certo momento já pelo final, quando uma das canções é interpretada por vários personagens dentro da floresta, a imagem é cortada para Streep que inicia outra música, desta vez solo. Como se toda aquela bagunça anterior fosse limpa pela atriz que reluz a tela e dá outro nível. É ela que deixa o filme um pouco tragável, com sua presença vibrante.
Focalizado todo como musical, seu maior erro são justamente as canções. Nenhuma delas é orgânica a trama, todas são pessimamente escritas e pior, não gera empatia do público. Duvido alguém sair da sessão e lembrar de trechos das músicas do filme. Reflexo este do expresso mundo do cinema de aventura nos últimos tempos, onde os roteiros são escrito as pressas sem qualquer cuidado, muito menos coerência ou respeito a obras clássicas. O roteiro, adaptado de um livro, parece estar nestes moldes, sem qualquer senso critico. Algumas subtramas até fluem, como da própria Cinderela. Outras beiram o desastre. A personagem de Blunt, que tem bastante destaque no filme, é uma das mais surradas. Além de estar sempre no lugar certo e hora certa ( parece que a floresta tem o tamanho de um palco de teatro ), passa por momentos constrangedores.
Já Chapeuzinho Vermelho e Rapunzel, além de pouco agregar, ainda causam muito desconforto. Enquanto a primeira é irritante ao extremo, a segunda pouco aparece e é o mais pérfido dos contos. No quadro de Chapeuzinho temos a presença de Johnny Depp como um embaraçoso Lobo Mau. Seus menos de cinco minutos em tela se resumem a uma atuação canastrona, um dos momentos mais toscos do ano e uma canção que pode ter ecos de duplo sentido nefasto. Embora seja esta a menos pior de todo filme. Nem vale comentar sobre João e seu pé de feijão, este pessimamente retratado.
E quando pensamos estar no final, pronto para o felizes para sempre..., somos jogados em outro ato, este o mais arrastado e sem nexo de todo longa. É quando todos os personagens se reúnem contra um gigante, para termos os momentos de efeitos visuais e outras inserções pitorescas as tramas, uma delas inclusive, tipica de novela da Globo.
Os poucos pontos favoráveis de Caminhos da Florestas estão em sua direção de arte e figurino ( indicadas ao Oscar), e sobretudo seu visual soturno. Tirando estes atributos temos um dos maiores micos do ano.
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