O sucesso deste filme se dá basicamente por reviver personagens que fizeram a cabeça da mulherada nos EUA ao longo de seis temporadas num seriado bombástico (estou entrando no clima) por volta dos anos 90.
Intitulado como "Sex and the city", este ditou moda, levantou assuntos típicos do universo feminino sem pudor e pieguismo; foi marcado por suas personagens de atitudes ousadas, contribuidas também pelas tórridas cenas de sexo, além de seus temas variados e romances nada açucarados. E isso é só um vislumbre dos ingredientes que compunham a série.
No entanto, algo é certo em relação ao filme: o agrado do público só virá diante desta película, se os espectadores forem no mínimo fãs da extinta (e ainda vívida na memória) série. Quem não conhece a estória irá apenas se deparar com um filme recheado de esteriótipos, clichês, um roteiro balanceado pelo machismo em contrapartida ao feminismo, protagonizado por senhoras quarentonas super consumistas e extravagantes.
Eu particularmente, por ter como meu hobby favorito, acompanho séries de teor cômico, portanto, assisti várias vezes as aventuras das quatro amigas de "Sex and the city". Só que devido ao seu enfoque relativamente feminino, a série não me atraia muito. Às vezes os questionamentos soavam banais demais, o que era perfeito para atingir seu público especificamente formado por mulheres. Público este que consegue captar o mais profundo sentimento no mais profuso assunto.
Em sua adaptação como longa para o cinema, eu percebi que mesmo após o fim da série há quatro anos, Sarah Jessica Parker, Kim Cattrall, Kristin Davis e Cynthia Nixon, continuam perfeitas em comporem seus personagens, mantendo intácta a química do quarteto (apesar da especulação de brigas entre o elenco na vida real).
Como eu conheço um pouco da história do seriado, pode-se dizer que o roteiro, sem deixar detalhes pendentes e com certa inspiração, parte exatamente de onde a série parou.
E não relevando toda a futilidade do universo novaiorquino delas, a maior decepção que tive foi ver que ao focarem a maturidade das personagens e as novas contestações pessoais que giram em torno do futuro, da felicidade plena, de um casamento onírico e blá, blá, blá... se desfigurou vagamente a personalidade das mesmas por elas não se aparentarem experientes como o esperado, e sim, envelhecidas e esgotadas.
Miranda (Cynthia Nixon) que era independente e não se subordinava a vontade masculina, agora mostra dificuldade de conciliar casamento, carreira e filho da forma mais comum possível.
Samantha (Kim Cattrall), uma ninfomaníaca incorrigível, agora fiel ao relacionamento, pacata, contentando-se com a companhia de um cachorro?!
O pior é ver que depois de seis anos e tantas colunas para um jornal, Carrie (Sarah Jessica Parker) não aprendeu nada sobre relacionamento, passando pelos mesmos conflitos com Big (Chris Noth).
Bom, ainda assim, ignorando esses pormenores, não posso negar que a atmosfera do filme se manteve fiel à serie.
Agora, um detalhe à parte aqui são os figurinos do filme, ou como prefiro classificar, a essência gritante do que há de mais excêntrico!
Os modelitos são super modernos sim, porém, de um mal gosto terrível! E por tal motivo, o glamour natural das personagens ficou comprometido.
E pra completar o quadro dos detalhes supérfluos, temos a presença desnecessária da ganhadora do oscar por "Dreamgirls" Jennifer Hudson, que nada fez no filme. Se pelo menos ela tivesse cantado, faria algum sentido sua escalação.
Falando em música, a trilha sonora varia de clássicos à sucessos atuais. Nada que demonstre má escalação, mas ficou confusa.
Sem mais, "Sex and the city - O filme", Como na série, tem Sarah Jessica Parker à frente da produção executiva e a direção por meio de Michael Patrick King. Sua duração é de 2h30, com algumas cenas engraçadas e um dramalhão mais apurado que na série, o que na verdade é um banquete para quem curtiu o seriado. Já para quem não o conhecia, infelizmente só restará a dúvida do porquê de tanto burburinho em torno de tal projeção.
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