“Você não me levou ao chão, Ray. Você nunca me derrubou.”
Touro indomável em sua abertura já sintetiza sua força e grandiosidade. Vemos LaMotta em cima do ringe, sobre a maravilhosa fotografia em preto e branco de Michael Chapman e ao deleite da musica Intermezzo de Pietro Mascagni, e lá, LaMotta, travando a maior luta de sua vida. Ele está lá, sozinho, lutando com sigo mesmo. Sobre os acordes que sobem e descem, sentimos a vida de Lamotta toda ali, uma constante luta com sigo mesmo, indo ao topo e descendo em sua própria desgraça, junto com a musica que fica cada vez mais triste e melancólica. Touro indomável é a jornada de fama e decadência de um homem pelo ciúme, um homem que conquista e perde tudo de mais importante graças ao ódio que suga de Jack seus sentimentos mais belos. O filme não foi um sucesso nas bilheterias, mas a critica instantaneamente o considerou um clássico, que foi indicado a oito Oscar e colocou Scorsese e De Niro definitivamente na história do cinema.
Jack LaMotta (De Niro) é um ótimo pugilista de família italiana, que com a ajuda de seu treinador e irmão, Joey (Joe Pesci), começa a se tornar um dos melhores lutadores do peso-médio e luta para disputar o cinturão, ao mesmo tempo ele conhecera Vickie (Cathy Moriarty, em sua estreia no cinema) uma jovem garota que desperta em Jack seus melhores e piores sentimentos.
A direção de Scorsese é uma das melhores da historia, sua estilização visual funciona como nunca, com momentos de pura genialidade, como, por exemplo, a utilização da cor na parte em que vemos os vídeos caseiros (única parte do filme que é colorida) de LaMotta, tentando mostrar a real beleza de sua vida, não em cima do ringue, mas do lado quem ele ama, de seus filhos e mulher, sendo realmente feliz, sem o ódio e o ciúme. Scorsese sabe utilizar todos os recursos de seu filme, e como sempre, trabalhando incrivelmente com seus atores, não que eles não mereçam créditos, e como merecem. Robert De Niro (que ganhou o seu segundo Oscar por sua performance) entrega se não a maior, uma das maiores atuações de todos os tempos. Seu desempenho é de uma força poucas vezes vista no cinema, ele põe toda sua alma e seu corpo no filme. (lembrando que ele engordou, por vontade própria, vinte e cinco quilos para fazer o pugilista já mais velho.). Joe Pesci também está incrível com o típico papel de esquentadinho e falante que o consagrou.
Touro indomável é o tipo de filme em que nada sai imperfeito, tudo se junta para aumentar a forma de contar a historia, tudo voltado para engrandecê-la, seja pela sua perfeita trilha sonora, seu roteiro, suas poderosas atuações, sua maravilhosa direção, tudo se encaixa perfeitamente e transforma essa obra em um dos maiores filmes do cinema.
Poder, amizade, amor, ganância, dinheiro, inveja, loucura e família são temas muito abordados nos filmes de Martin Scorsese, mas em Touro Indomável todos esses temas conseguem chegar a seu ápice. LaMotta nunca caiu em cima de um ringe, verdade, mas o nocaute que Jack leva da vida o destrói por completo.
Não há o que dizer sobre este filme. Um espetáculo. 10 é pouco. Ótimo texto. Parabéns.