“Onde os fracos não tem vez” começa com o depoimento saudosista do personagem de Tommy Lee Jones, mostrando como os tempos mudaram e como a realidade do “novo oeste” tornou-se mais "selvagem" nesses anos. A tese exposta dá mote ao filme, onde uma chacina de traficantes gera uma onda de mortes personificada pelo implacável assassino Chigurh, que busca pela mala do dinheiro da droga achada por Llewelyn Moss, alguém que desde já sente-se arrependido por ter se metido onde não era chamado.
A ação do filme retrata essa perseguição em grande estilo bem a moda dos irmãos Cohen. Impossível não fazer analogias a “Fargo” de 1996 onde um golpe que saíra errado implicava em uma onda de assassínios no pacato condado homônimo. A diferença é que ao invés dos atrapalhados sequestradores do filme anterior, temos um assassino serial praticamente indestrutível (interpretado por Javier Barden em ótima atuação), O que não implica que este trabalho tenha menos do humor negro encontrado no anterior.
A paisagem western é primorosamente escolhida para esta história cheia de tiroteios e perseguições a um estilo “Butch Cassidy” sombrio e violento. Também serve de mote (por conta da paisagem inóspita e desolada) para os diversos momentos em que o silêncio impera, aumentando o suspense e desacelerando a trama para reflexões. É este mesmo silêncio que faz de “Onde os fracos não tem vez” uma projeção diferenciada das fitas de ação atuais , cheias de efeitos especiais adrenalina sem qualquer momento para se pensar no que exatamente acontece.
Uma crítica famosa associou a violenta história dos Cohen a uma meditação sobre a velhice como o próprio nome em inglês “No country for old men” afirma. É este o único defeito do filme. A propósito de se dinamizar a trama o papel de Tommy Lee como o xerife Ed Tom Bell se definha distanciando-se do núcleo principal e tornando-se simplesmente necessário para dar algum sentido ao título.
Entre prós e contras não há como dizer que este seja o melhor trabalho dos Cohen, muito embora esteja a anos-luz acima do nível das produções hollywoodianas atuais. Continua sendo uma fita que impressiona pela genialidade do roteiro, pela direção magnífica da dupla e pelas ótimas atuações, mas que não justifica a vitória no Óscar frente a concorrentes tão poderosos como Sangue Negro e Desejo e Reparação.
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