"Light of my life, fire of my loins. My sin, my soul. Lo... Li... Ta"
Acho que ninguém teve um desafio no cinema tão grande quanto o de Lyne, adaptar obras famosas é arriscado, uma que no passado foi adaptado por um grande diretor é um tiro no pé. Quero evitar comparações com a versão de 62, então necessito deixar uma coisa clara aqui no primeiro parágrafo ainda: remake porra nenhuma.
Me perdoem primeiramente por não ter lido o livro, mas acho que adaptações não se devem prender demais á obra original, filme é filme, livro é livro ué, e estou aqui para falar apenas de um.
Ambos tratam do recém chegado ao país, Humbert Humbert, e sua obsessão pela adolescente Dolores, mundialmente conhecida como Lolita. Ela que lembrava á ele uma paixão de quando era jovem, mas entre os dois há um totem irritante chamada Charlotte Haze, mãe da minha, da sua, da nossa, Dolores.
Coube á Melanie Griffith nos irritar, conseguindo com eficiência, mesmo não tendo muito tempo em tela. Irons deu á Humbert uma carga dramática á nível do filme e Swain, desajeitada e provocadora construiu uma brilhante Lolita, saindo-se bem em cenas marcantes como a do chuveiro. Mas não animem-se, ela se mantem vestida o filme todo, porém sempre provocativa. SEMPRE. O filme consegue uma tensão sexual gigantesca, como disse, Swain quando exigida se torna uma verdadeira "Femme Fatale" e Irons consegue transmitir toda a sujeira do personagem.
Aliás, foi isso que faltou ao filme de Kubrick, sujeira, é claro, temos que perdoar um pouco a falta de "Lolitagens" no filme de 62, afinal, na época a lei Hays ainda vigorava sobre os estúdios, mas atos como transformar a memorável cena do hotel em um pastelão é de doer. Mas voltemos á 97.
O filme na época foi esnobado pelo público, que nunca tá afim de ver algo que o lembra do maravilhoso mundo que vivemos, onde não sabemos quem é pior, o padrasto pedófilo, ou a enteada, digamos que, excessivamente "crescida". A crítica elogiou, mas não chegou no Frenesi esperado e merecido, sem beliscar ao menos uma indicação pela brilhante produção(Figurino, Direção de arte, Fotografia e afins estão impecáveis) nem á brilhante trilha de Morricone.
Então digo: É a melhor versão cinematográfica de Lolita(Pronto, falei), merece ser conferido e visto com sua mente desligada de todas as outras Lolitas do mundo, só uma já causou problemas o bastante.
P.s: Fugir de comparações é difícil
Continuo com a Lolita de Kubrick, mas nunca entendi as críticas negativas a cerca desta obra de Lyne.
Acho que comparações são impossíveis de fugir(se você viu os filmes anteriores) ainda mais quando é remake, continuações e etc, pois ai eu acho até válido, mas principalmente avaliar o filme como você disse, sozinho. Daí as comparações vem depois.