Há filmes que são imitados à exaustão, mas nunca envelhecem, um exemplo perfeito disso é Duro de Matar, o melhor filme de ação policial já feito (Operação França e Bullitt são policiais mas não são rotulados como ação). Em 1987, o diretor John McTiernan surpreendera o cinema de ação ao colocar Arnold Schwarzenegger sendo caçado por uma criatura de outro planeta em O Predador. O sucesso desse filme abriu as portas para que McTiernan fizesse seu melhor filme (Duro de Matar), aquele que o consagraria, mesmo que ele não voltaria mais com o mesmo fôlego em seus filmes seguintes. Alguns deles até foram bons e fizeram sucesso, tais como: A Caçada ao Outubro Vermelho (1990), Duro de Matar – A Vingança (1995) e Thomas Crown – A Arte do Crime (1999); mas alguns deixaram a desejar, sendo fracasso de bilheteria: O Último Grande Herói (1993), Rollerball (2002) e Violação de Conduta (2003). Ou seja, o diretor promissor de dois dos melhores filmes de ação dos anos 80 perderia o jeito pra esse tipo de cinema. Quando foi lançado, Duro de Matar teve alguns pontos interessantes que chamaram a atenção: 1º - O enredo até então original, colocava um policial competente no lugar errado, na hora errada numa situação errada. Mas errado para ele ou para os bandidos? 2º - Entre vários astros da época, optaram por um ator que vinha de uma série cômica de TV chamada A Gata e o Rato. Mesmo que a série era um grande sucesso, nada fazia prever que seu astro Bruce Willis se saísse tão bem em algo até então diferente em seu currículo, um filme de ação super acelerado e sem muito tempo pra bate-papos. 3º - Longe de personagens como Rambo ou dos flmes de Schwarzenegger em que os heróis eram brutamontes que atiravam a esmo e pareciam ser imbatíveis, o personagem principal de Duro de Matar, sangra e precisa antes de correr pra briga, correr de seus adversários. 4º - Tanto o policial McClaine quanto os criminosos agem de maneira incrivelemente cínica em vários momentos.
O policial John McClane vai a Los Angeles visitar a mulher e os filhos. Ele fica hospedado no prédio Nakatomi Plaza em que sua mulher (Bonnie Bedelia) trabalha. Lá está tendo uma festa entre os executivos e funcionários. Ele se instala em um dos quartos sem querer saber da festa. Terroristas invadem secretamente o local e mantém reféns os demais ali. McClaine percebe que algo está errado e tenta descobrir o que é, quando percebe a invasão dos criminosos e tenta detê-los. De início ele age de forma discreta, mas a situação se agrava e ele se vê forçado a encarar os adversários de frente. São terroristas internacionais liderados pelo alemão Hans Gruber (Alan Hickman) que sequestram o prédio para roubarem uma altíssima soma em ações financeiras. A situação de McClaine piora quando um inescrupuloso repórter de TV revela que ali no prédio há um policial casado com uma das funcionárias, é quando os terroristas usam esse fator para ameaçá-lo. Depois de muitos tiros e explosões, o FBI tenta intervir, mas se torna mais um alvo do enorme poder de fogo dos bandidos. McClaine recebe ajuda apenas de um policial que lhe auxilia por um rádio.
Duro de Matar é isso, um filme de ação que não nos deixa piscar um único segundo, é ágil e acelerado, além de conter alguns toques de sarcasmos vindos de Bruce Willis. Ele injeta doses de humor em seu personagem, em especial nos confrontos diretos com o líder Hans, como na cena em que McClaine o vê pela primeira vez. Os bandidos não perdoam e atiram até mesmo nos vidros só para verem McClaine sangrar.
Os roteiristas Steven E. de Souza e Jeb Stuart fizeram um ótimo trabalho, nunca um filme de ação funcionou tão bem e deu uma dimensão maior à luta crescente entre policial e bandidos. Tudo aqui é barulhento e movimentado. Quando se pensa que os bandidos deram uma pausa, eis que algum deles sai atirando por uma porta ou janela, não deixando ninguém sossegado. Tudo funciona muito bem, da direção ao elenco. A parte técnica é um primor de perfeição, utilizando de forma brilhante o som e os efeitos sonoros.
Duro de Matar teve três seqüências igualmente competentes, mas nunca à altura do original: Duro de Matar 2 (1990), dirigido por Renny Harlin (Risco Total) mostra McClaine num aeroporto invadido por terroristas; Em Duro de Matar – A Vingança (1995), novamente dirigido por John McTiernan, McClaine se une a Samuel L. Jackson pra deter terroristas agindo na cidade de Los Angeles; em 2007, foi lançado Duro de Matar 4.0, dirigido por Len Wiseman (Anjos da Noite 1 e 2) , em que McClaine juntamente com um hacker (Justin Long) tenta evitar que terroristas da informática, armados com o que há de mais avançado em matéria de tecnologia cause um caos em sua cidade. O segundo filme da série segue o mesmo ritmo alucinante do primeiro, mas o terceiro cai um pouco, apesar de também ser bom. O quarto filme volta a ficar mais acelerado e abre caminho pra outras continuações. Willis hoje com 55 anos de idade já deixou claro que ainda pretende fazer mais dois filmes dessa série.
Duro de Matar foi o filme que abriu as portas ao estrelato para Bruce Willis que até então não havia se destacado muito no cinema. Entre seus maiores sucessos (além da série Duro de Matar) estão: Pulp Fiction (1994) de Quentin Tarantino, Os Doze Macacos (1995) de Terry Gilliam, O Quinto Elemento (1997) de Luc Besson, O Sexto Sentido (1999) de M. Night Shyamalan e Meu Vizinho Mafioso (2000) de Jonathan Lynn. Em 2010 apareceu em uma ponta no sucesso Os Mercenários dirigido por Sylvester Stallone.
O elenco de apoio de Duro de Matar também brilha, com destaque para Alan Hickman (Razão e Sensibilidade) como o líder dos terroristas, e o russo Alexander Godunov (A Testemunha) falecido em 1995 aos 45 anos de idade, que faz o terrorista vingativo que tem seu irmão morto por McClaine.
Duro de Matar foi indicado aos Oscars de melhor som, efeitos sonoros, efeitos visuais e montagem, mas perdeu a maioria desses prêmios para Uma Cilada para Roger Rabbit. Duro de Matar foi posteriomente copiado inúmeras vezes (A Força em Alerta, Morte Súbita, etc.), mas nunca perdeu seu brilho e o posto de melhor filme de ação policial do cinema.
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