Em 1957, o diretor Sidney Lumet (ainda em atividade, mesmo com seus oitenta e cinco anos de idade) criou o melhor filme sobre tribunal da história do cinema. Ainda melhor que outros grandes filmes do gênero como Anatomia de um Crime, Testemunha de Acusação, Julgamento em Nuremberg e O Veredicto. A história é a seguinte: Doze jurados entram numa sala pra decidirem se um adolescente é ou não culpado de ter matado o próprio pai, logo após os advogados terem apresentados suas defesas, sejam elas contra ou a favor do acusado. Agora cabe àqueles homens naquela sala o veredicto que dirá se o tal adolescente é inocente ou culpado
Ali dentro, os 12 homens se sentam pra votarem. Onze deles só querem sair logo dali, não agüentando mais o intenso calor e as árduas horas que já estão ali, e já se dizem convencidos da culpa do acusado. Mas um deles, o jurado nº. 8 (brilhantemente interpretado por Henry Fonda) não quer se precipitar e espera uma discussão entre o grupo pra, só depois se pronunciar. Ele não diz achar que o acusado é inocente, mas também não diz que o acha culpado, ele apenas quer chegar sair dali com a certeza que votou com consciência e racionalidade.
Acontece que os 11 homens decididos a votar contra, não estão com paciência ou boa vontade de discutirem algo que já fora feito minutos antes pelos advogados. Eles acham que cabe agora a eles apenas colherem os fatos e decidirem. Mas como não se pode chegar a um veredicto se um deles votar diferente é preciso que se chegue a um consenso. Mas o que parecia ser algo rápido se torna um verdadeiro duelo de opiniões. E é justamente aí que não piscamos nossos olhos por um segundo. Cada palavra, cada atitude conta para que alguém apresente uma nova visão dos fatos. O jurado nº. 8 consegue ganhar adeptos, pouco a pouco ele vai conseguindo convencer seus colegas de que um fato ou outro não se encaixa, começa a apresentar provas que põe em dúvida a participação do adolescente naquele crime. Mas há uma parte do grupo do contra que não está disposto a ceder e jogam de igual pra igual. Assim, um jurado que antes fora convencido de uma coisa, pode mudar de opinião em seguida, e também, quem se calara, de repente apresenta uma nova versão pros fatos e muda todo o rumo da discussão ou por si só acrescenta mais detalhes. Mas, uma dúzia de homens dentro de uma sala, entrando em discórdia, consequentemente não poderia dar em coisa muito boa, daí, problemas pessoais vêm à tona: pais autoritários, infância dolorida, ajustes de conta, consciência pesada e outros temas, começam a aparecer e se misturam àquela discussão que parece não ter mais fim.
Em 1943, Fonda havia feito também outro ótimo filme sobre defesa e acusação, o excelente western Consciências Mortas, em que um grupo de moradores de uma pequena cidade se precipitam e querem levar à forca 3 homens acusados de cometerem um crime.
12 homens e uma Sentença é um clássico absoluto. A obra-prima do diretor Lumet (Rede de Intrigas, Um Dia de Cão, O Veredicto, Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto). Um filme tenso e totalmente diferente de muita coisa que já foi vista nas telas. Nunca envelheceu e continua super atual. Tem um elenco fantástico que inclui além de Fonda, Martin Balsam, Lee J. Cobb, Jack Warden e Ed Begley, entre outros.
Indicado aos Oscars de melhor filme, direção e roteiro adaptado.
Recomendado pra quem é aluno de Direito e quem se interessa por uma boa trama de tribunal, e especialmente pra quem procura uma sessão de cinema de alta qualidade.
http://blogdokley.blogspot.com/
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