Na filmografia dos Coen, certamente não há espaço para grandiloquências estilisticas, ao contrário, o cinema praticado pela dupla reside justamente em relatar situações caóticas a partir de eventos e pessoas simples. Nesse sentido, tudo sai de controle em boa parte dos filmes dos Coen.
No começo de Fargo, surge um aviso nos dizendo que os eventos narrados no filme de fato ocorreram, e que foi alterado os nomes das pessoas em memórias dos mortos. A história inicia com Jerry Lundegaard (o eficiente William H. Macy), gerente de uma revendedora de automóveis que forja o sequestro de sua própia esposa, com o objetivo de conseguir um bom resgate a ser pago pelo pai de sua esposa. Combina com dois bandidos que ganhariam um parte do resgate.
Jerry, é um desses sujeitos bobões ao extremo, daqueles que tudo da errado, influênciáveis. Planejava enganar até os bandidos, já que dizia que o resgate seria 80 mil dólares, enquanto ao pai da moça disse ser de 1 milhão. Acaba que tudo passa a dar errado, tudo mesmo. Mas isso, esses problemas seriam o âncora - tal como Hitchcock dizia - da trama maior a acontecer. Nesse interim, os bandidos, em especial um, Gaear Grimsrud (grande atuação de Peter Stormare), matam três pessoas que "atrapalharam" o caminhar do sequestro. Enquanto a coisa vai ficando preta, surge a figura chave da trama, a policial grávida de 7 meses Marge Gunderson, (Frances McDormand - que ganhou o Oscar por sua atuação) que consegue perceber a dimensão que aquilo tomara.
De um argumento simples, surge um perrengue dos mais nonsenses possíveis, tudo caminha para o caos. O caos está em tela, diante daquele gélido Meio-Oeste estadunidense. Na direção sobra serenidade e parcimônia. É inegável o controle, sobretudo na forma como os eventos acontecem, como as coisas ganham um sentido verídico na mão dos Coen. Também vale destacar a eficiente dos irmãos na direção de atores. Com elencos bem escolhidos, as atuações sempre se sobresaem em seus filmes de maneira que o personagem ganha vida sobre o ator.
Uma Trilha Sonora bem captada, que aliada a gélida fotografia em tons claros realça o sentido de mistério que vai surgir daquele evento inicial. Ainda que não chega na amplitude de "Onde os Fracos não tem vez", "Fargo" é talvez até mais sincero quando vemos os demais filmes dos Coen, isso se colocarmos estes em um determinado "estilo".
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