Julia Roberts costumava formar com Meg Ryan e Sandra Bullock a trinca de atrizes queridinhas do grande público, que eram quase figuras certas nos sucessos comerciais açucarados que saiam ano após ano, principalmente durante a década de 90 (a exemplo de Uma Linda Mulher [Pretty Woman, 1990], Enquanto Você Dormia [While You Were Sleeping, 1995], Harry e Sally: Feitos Um Para o Outro [While You Were Sleeping, 1995], e este O Casamento do Meu Melhor Amigo [My Best Friend’s Wedding, 1997]). Mas o prestígio delas se legitimava por um carisma difícil de entender - e mais ainda de não se render -, que tornava as sessões de seus filmes de romance meloso ou comédia romântica, geralmente variações dos mesmos lugares comuns de sempre, agradáveis de acompanhar, como é o caso aqui.
O Casamento do Meu Melhor Amigo por mais que flerte com uma proposta que até subverte o conceito tradicional do boy meets girl ao dar à mocinha, que pretende acabar com o casório do tal amigo (Dermot Mulroney) por se descobrir apaixonada por ele, um leve tom de megera, fica sempre no confortável terreno do gênero, sem maiores arroubos, e, mesmo sem explorar tanto as possibilidades que a sua premissa oferece, sem sai surpreendentemente bem. Mas deve seu sucesso menos aos personagens e as situações e mais a presença de Julia Roberts, que nunca faz de Julianne alguém condenável, por entender o tom da história e compreender que suas armações não passam de atitudes desesperadas de uma mulher que, triste e perplexamente, vê-se estagnada na vida.
Não é uma questão em que o filme se debruce realmente a ponto de colocar um pouco de lado o seu esquematismo narrativo, embora não seja integralmente posta de lado, como mostra seu final de certa forma corajoso em produções do gênero. Mas, diga-se, essa audácia não vem somente com seu desfecho, mas já desde o início, ao colocar Julia Roberts e Cameron Diaz, igualmente adorável aqui, para disputar não só o amor do mocinho, mas também a nossa empatia, que pende para uma e para outra e quebra um pouco com o maniqueísmo inerente dessa história da noivinha perfeita e da louca que pretende roubar o noivo dela que qualquer maneira.
O típico ‘quem vai ficar com quem’ acaba interessando principalmente pela forma como as duas estão mais do que atreladas ao noivo, a nós, espectadores, que vamos mudando de favorita a cada situação mirabolante feita pela destruidora de casamentos simpática da qual a noiva inocente consegue, por obra da doçura, se sair incrivelmente bem, e isso acaba superando um pouco as possibilidades que o roteiro podia explorar, no que se refere em especial a crise de idade sofrida pela protagonista, e resultando numa comédia romântica gostosa de se ver – algo que pode até parecer pouco, mas significa bastante atualmente, quando são poucas as atrizes que assim como Bullock, Ryan ou, no caso, Roberts arrebatam pelo carisma e são capazes de fazer essas matinês açucaradas valerem a conferida.
Gostei do comentário 🙂