Não é preciso ser um fã assíduo do universo do jogos Resident Evil pra saber que sempre houve uma reserva em relação às adaptações em live-action. Se não bastassem ser dirigidas por um dos piores diretores da atualidade (E quando digo isso, estou ciente de Uwe Boll e suas peripécias), ainda é amaldiçoada pela infidelidade em relação aos jogos. Não vi nenhum dos filmes do Paul W.S. Anderson (Argh!), ou pelo menos não dentro de condições inadequadas a muito tempo atrás (Que são suficientes pra dizer que não prestam, mas não para avalia-los seriamente), mas não é bem sobre isso que vou falar, e sim de uma tentativa muito bem intencionada de fazer algo mais "digno" e fiel ao material de origem.
Em 2008 foi lançado uma alternativa pra a catástrofe Andersoniana (Que ainda se mantém): Uma animação. Mas não apenas uma animação tentando adaptar os jogos, e sim estende-los. Essa foi a grande sacada da proposta, e que, ao que parece, agradou quase todos os fãs. Mas... será que o fato de ser fiel faz necessariamente com que seja um bom filme? Absolutamente não, penso eu. E, tanto o filme em questão (Resident Evil Degeneração), quando essa sequência sofrem do mal das adaptações fieis: Submissão ao material de origem.
Aqui, tudo começa numa tentativa de estilizar os personagens com cenas de ação absurdas (Que é muito inconveniente na maior parte das vezes). Leon, que ganhou fama no jogo Resident Evil 4 como "Action Hero" dos Survival Horrors (Subgênero dos jogos que costuma estar em contraste com a Ação desenfreada, mas não nesse caso) está numa região de conflito na Europa, assolada por conflitos nacionalistas e tentativas de fundar uma nação independente. Em meio aos extremismos está o uso de armas biológicas presentes nos jogos (Não se especifica exatamente qual, que eu me lembre, mas parecem ser usadas várias) na tentativa desesperadas dos rebeldes de vencer o governo. Alguns conceitos como o controle mental de algumas das criaturas familiares aos jogadores, e aparições de outras meio esquecidas foram colocadas, evidente pra atrair o público específico. Numa dessas referências está a volta de uma personagem do RE4 muito esperada: Ada Wong. Aqui, evidentemente tentando ser como nas Cinematics do jogo, com eficiência razoável.
Durante o filme não demora a se perceber a relação de escravidão considerável com a obra original, tentativas de mimetizar partes de alguns jogos e clichês (Especialmente os diálogos) de fazerem o cérebro virar papa. Felizmente, há uma agradável tentativa de inovar, o que o faz superior nesse ponto ao Degeneração, mas que acaba ficando abaixo dele graças à uma tendencia insuportável de leva-lo para a ação desenfreada. (Que também havia na segunda metade do outro, mas que era combinada numa tentativa razoável que criar uma atmosfera de terror por vezes eficiente) Sem contar os diálogos que desceram o nível para quase o de um "Doom - A Porta do Inferno". Mesmo a iniciativa de tentar melhorar o mal-humor do Leon do primeiro filme e deixa-lo mais "indiferente" (Meio que uma versão genérica de um Snake Plissken) vai por água abaixo com as piadinhas equivalentes a um Zorra Total no Brasil.
As cenas de ação são particularmente destruidores de atmosfera (Terror, no caso). De tanques de guerra ao uso de pequenos exércitos de B.O.Ws (Conceito do jogo que pode ser resumido em: Monstros!), logo o filme mais parece uma cria dos filmes sobre a guerra do Iraque com monstros...e sem Iraque. Se tem algumas relações com certos exageros do jogo (Que sempre me soaram aceitáveis), aqui é levado ao extremo... bem longe do bom senso.
Se alguns fãs se sentem meio que "moralmente" coagidos a gostar de um filme por ser "fiel" ao seu material, recomendo que separarem as coisas entre o que é bom e ruim, e não entre o que é "fiel" e "infiel".
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