Originalidade súbita e conceitos minunciosos, Nolan mais uma vez mostrando seu talento para a Sétima Arte
Lembro-me de ter lido uma matéria sobre sonhos, já faz algum tempo, mas algo que me chamou atenção ainda está em minha memória. Quando estamos dormindo, somos capazes de implementar a realidade ao sonho para podermos aproveitar ao máximo nosso momento de descanso. Para ficar mais claro, se um celular toca, quando estamos dormindo, e o toque é o solo de guitarra da Welcome to the Jungle, dos Guns N' Roses, nosso subconsciente é capaz de absolver esse possível incomodo e, sonharmos que estamos em um Show de Rock, assistindo aos próprios. É detalhes como esse que faz com que Christopher Nolan beire a perfeição ao retratar um mundo complexado como é o mundo dos Sonhos.
Cobb (Leonardo DiCaprio) é um especialista em extrair segredos do subconsciente das pessoas em quanto elas ainda dormem. Mais ele é tido como um foragido dos Estados Unidos após ser acusado de se envolver com o assassinato de Mal (Marion Cotillard). Para tentar provar sua inocência ele resolve aceitar uma tarefa ofertada por Saito (Ken Watanabe). Ao invés de extrair, agora ele terá que fazer uma inserção na mente de Richard Fischer (Cillian Murphy), plantar uma idéia, e fazer com que o herdeiro acabe com seu império. Para essa missão ele conta com seu parceiro Arthur (Joseph Gordon-Levitt), a arquiteta inexperiente Ariadne (Ellen Page) e Eames (Tom Hardy).
Compará-lo com Matrix é um equivoco, pelo menos pela essência de cada um deles. A excentricidade pode ser o ponto a convergir entre a obra de Nolan e dos irmãos Wachowski. Criar um mundo novo não é tarefa fácil e foi isso que vimos em Matrix, já em A Origem, o mundo já estava criado, na mente de cada ser humano, Christopher Nolan apenas mostrou o que subentendeu sobre os esse tal mundo.
A tarefa de Christopher Nolan não era fácil, tentar passar para as telas, da forma mais fiel possível, um roteiro abstruso que ele mesmo criou, coisa que conseguiu com louvor. Com uma direção super segura e funcional, Nolan nos entrega uma aula de fazer filme. Cada passagem mais perfeita que a outra, mas o forte do longa estava mesmo no roteiro, complexo e muito bem construído. Os mínimos detalhes foram retratados perfeitamente, assim como fez em Batman – O Cavaleiro das Trevas, o realismo está ali presente o tempo inteiro, ironicamente, mesmo se tratando do não real.
Leonardo DiCaprio mostra mais uma vez porque é um dos atores mais badalados dos últimos anos. Teve uma atuação menos inspirada se compararmos com Ilha do Medo, mais ainda sim, longe da mediocridade. Marion Cotillard penetrante como sempre,longe de sua atuação quase perfeita de Piaf, também acima da média. O elenco ainda contava também com os competentíssimos Michael Cane, já intimo de Nolan por outros trabalhos, os ótimos Batman – O Cavaleiro das Trevas e O Grande Truque, e Ken Watanabe de O Último Samurai. Ellen Page, a arquiteta de Juno, ou algo assim, mais uma vez com uma atuação impecável. Mas, quem mais me agradou foi Joseph Gordon-Levitt, o mesmo de (500) Dias com Ela, só que diferente, entende? Ele mostra que têm flexibilidade para desenvolver papeis totalmente diferentes e é um dos pontos altos do filme.
Lá pelas tantas, com o clímax se aproximando – preparem-se, Spoilers– pensei eu, estar sonhando, com tantas ideias jogadas contra nós, sem espaço para mais informação, e garanto que,se eles descessem mais uma camada, pegaria minha Winchester e cometeria suicídio, livrando-me assim, desse mundo de angústia e poder voltar para a realidade.
Não podia deixar de falar dos Efeitos Visuais, exuberantes e perfeitos para a trama, efeitos que são usados para o roteiro e não o contrário.
Isso é A Origem, engenharia, ideia inata, subentendido, psicose. Isso é Nolan, mais uma vez mostrando que o cúmulo da competência não tem limites e que se depender dele, os Blockbusters não precisam insultar a inteligência de quem assiste. Obra-Prima da engenhosidade.
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