Com uma idéia estapafúrdia, Shyamalan continuava sua caminhada decadente rumo ao fundo do poço
O Sexto Sentido é um filme idolatrado por 10 a cada 10 cinéfilos e aclamado pela crítica, e por causa disso, quando foi lançado, Shyamalan chegou ao status de o novo Hitchcock, muito precipitadamente por sinal. Causando uma sensação de esperança aos céticos por mais uma obra-prima, ele se manteve em alto nível em suas obras seguidas O Corpo Fechado, Sinais e A Vila. Mas, o diretor indiano, que é preciso dizer, tem um imenso talento na direção e ainda podemos esperar algo valioso dele, realizou obras um tanto quanto discutíveis posteriormente, e Fim dos Tempos é uma delas.
A premissa por si já é pobre, com uma espécie de vírus ou alguma força ambiental faz com que as pessoas percam a noção, a orientação intelectual e venham ao suicídio. Com essa crise devastadora, o professor de ciências Elliot Moore que vive em relacionamento conturbado e inseguro com Alma, tem várias teses para a que está acontecendo, mas ao mesmo tempo ele tem que tenta salvar sua vida e de sua família.
Se pode constatar que M. Night Shyamalan é um dos melhores diretores de suspense dos últimos tempos. As cenas de suicídio são perfeitas, ou qualquer morte que aconteceu no filme, até mesmo os corpos nas estradas causam certa tensão. Ele consegue com exímio passar o suspense e até uma sensação de veracidade em algumas cenas com sua câmera sempre eficiente.
Ótimo na direção, nem tanto como roteirista, ainda que tenha créditos não só por O Sexto Sentido, mas pelos ótimos Corpo Fechado, Sinais e A Vila, ultimamente é um desastre após o outro, tanto antes em A Dama da Água, quanto posteriormente em O Último Mestre do Mar. Em Fim dos Tempos, o conceito, a idéia em si impregnada na trama é simplesmente estapafúrdia, banal e até improvável. Claramente, como fez em A Vila, o foco do filme está na situação, no contexto, mas dessa vez não funcionou. A idéia de uma catástrofe através das plantas, ou aquela coisa de perda da auto-preservação é simplesmente grotesca, e as cenas em que os personagens correm do vento, ou alguns diálogos e situações usados para construir a narrativa são risíveis.
E em relação aos personagens, a única característica que podemos extrair de algum deles é o relacionamento entre Elliot e Alma, ou seja, tivemos que juntar dois personagens. O que era para ser uma relação cheia de incertezas e inseguranças, se sai artificial e incompleta, pelo modo como foi retratado.
E para completar essa salada enfadonha de desacertos caricatos, a cena final é deprimente, onde todos que se submeteram a mesma situação tiveram como prêmio o suicídio, os três personagens principais simplesmente contradizem toda uma seqüência de acontecimentos, cominando com um ridículo final feliz.
As atuações de Mark Wahlberg (Os Infiltrados) e Zooey Deschanel (Quase Famosos) são totalmente corrompidas pela falta de essência de seus personagens, aqui eles fazem respectivamente Ellitot e Alma Moore Ashlyn Sanchez como a pequena Jess, não chama a atenção, sempre morna, ao contrario Abigail Breslin em A Vila e Haley Joel Osment em O Sexto Sentido, aqui nem a figura inocente causa impacto.
Outro fator negativo é a tradução discrepante do titulo Fim dos Tempos, que se traduzido literalmente do titulo original, ficaria O Acontecimento, é deprimente, só que esse equívoco por sua vez, foi dos tradutores brasileiros, inclusive, quem ir assistir a obra com certas expectativas em relação ao titulo pode sim ser frustrar ou ter-las superadas.
Enfim, todo o conceito que envolve Fim dos Tempos é medíocre, e depois de um começo de carreira brilhante, pela segunda vez seguida, e posteriormente, Shyamalan erra descaradamente na composição de uma estória convincente, e se mostra muito mais diretor do que roteirista, ainda sim se pode enxergar grande potencial na direção do indiano, mas sua estrada nos roteiros pode o levar definitivamente para o fundo do poço.
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