Indulgente em toda sua glória, Tarantino volta para lembrar que vale apena fazer filmes de verdade de vez em quando...
Do cinema recente de Tarantino, este chega perto de ser o seu melhor. Bem superior aos bem feitos porém maçantes Os Oito Odiados e Django Livre, porém não chega perto da maestria de Bastardos Inglórios(na minha opinião seu melhor filme). Eu concordo com muitas das críticas que fazem dos filmes recentes do excêntrico cineasta, é bem verdade que ele trocou a experimentação, ousadia, pela construção narrativa meticulosa ala Hollywood clássica, mas acredito que se trata apenas de uma evolução natural que todo grande realizador passa. Afinal, pessoas e seus gostos mudam com o tempo. No começo de sua carreira, porralouquice : Tiro, porrada, bomba e o caralho, filmes ousados e inovadores que mudaram o jogo na indústria e marcaram gerações ( Cães de Aluguel, Pulp Fiction, Kill vol. I & II ). A acomodação do diretor nos últimos anos, optando por filmes mais tradicionais estruturalmente e dançando conforme a música da indústria é evidente, mas também é absolutamente inegável o valor das obras mais recentes do cineasta, principalmente no visual e técnica. Em tudo que ele se limitou em comparação as suas obras mais antigas, ele também se aprimorou na mesma medida em diversos outros aspectos. Era Uma Vez em Hollywood encerra( por assim dizer ) a trilogia das fábulas revisionistas de Tarantino, iniciada há 10 anos com Bastardos Inglórios e expandida há 7 em Django Livre. Apenas do ponto de vista técnico, o diretor nunca esteve melhor, com uma reconstrução de época praticamente perfeita, realmente impressionante como reavivaram a Los Angeles de 1969. (quase) todo elenco está muito bem, nenhuma atuação antológica, mas todos os astros principais estão bem a vontade em seus papéis e entregam o que o roteiro pede deles. DiCaprio está bem como o ator decadente Rick Dalton, mas sua escalação não deixa de parecer um "miscast" às vezes, eu particularmente acho que um ator mais velho cairia melhor no papel. Mas quem rouba a cena mesmo é Brad Pitt, neste que parece ser o papel que marca uma mini ressureição do ator do cinema este ano. Margot Robbie não tem muito de espetacular para fazer com sua personagem, mas está convincente. Enfim, não é o melhor filme do icônico diretor, mas é uma boa diversão contracultural tarantinesca que todo cinéfilo fã dele curte. E o terceiro ato é simplesmente sensacionalmente maluco.
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