Dois anos após A Ordem a Fênix, as adaptações cinematográficas do bruxinho mais famoso do mundo chegam à sexta parte com "Harry Potter e o Enígma do Prìncipe".
Eis a situação: Voldemort ressurgiu e está solto. Ele e seus seguidores estão mais poderosos a cada dia. Finalmente houve interação entre o mundo dos bruxos e o mundo dos trouxas, como nos é mostrado logo no início, na cena em que Comensais da Morte atacam uma ponte suspensa de Londres (que, mesmo sendo muito boa, nota-se a primeira falha do filme: os cidadãos simplesmente desaparecem enquanto a ponte é destruída). Dumbledore recorre à Harry para aprofundar-se no passado obscuro de Tom Riddle - futuramente conhecido como Voldemort. Eles convencem Horace Slughorn a voltar à Hogwarts para lhes ajudar nesta missão. Harry encontra um caderno sujo e velho, com anotações de um indivíduo misterioso que se entitula "Príncipe Mestiço". O Lorde das Trevas confia uma missão a Draco Malfoy. Em meio disso tudo, os hormônios dos personagens já adolescentes estão à mil: Harry está apaixonado por Gina Weasley; Rony envolve-se com Lilá Brown, o que não agrada Hermione Granger, que por sua vez não esconde seu interesse por Rony.
Este é o filme mais sombrio e lúgubre da cinessérie. Notamos isto logo nas primeiras cenas, em uma Londres cinzenta.
O roteiro de David Kloves é bem ousado. Cortes e alterações foram feitas - não que isto seja alguma novidade, uma vez que é o que geralmente ocorre em adaptações cinematográficas. Porém, Kloves soube captar a ESSÊNCIA para deixar a história impactante e atraente. São 153 minutos envolventes e bem trabalhados. Não seria muito aconselhável que levassem as criancinhas para a sala de projeção, pois de fato há cenas pesadas que não as agradariam muito. Portanto, a classificação etária do Ministério da Justiça, de 12 anos, é justa.
A fotografia, assim como os efeitos especiais, estão perfeitos. Harry Potter sempre foi um show visual.
Houve uma evolução nas atuações. Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson abandonaram as caretas exageradas e atuaram de uma forma mais competente e madura, mostrando melhor as emoções dos personagens. O destaque deste trio vai indiscutivelmente para Rupert Grint, o Rony Weasley, que roubou a cena em suas situações e expressões hilárias.
Michael Gambon conduz Dumbledore firmemente e eficientemente, embora, na minha opinião, até hoje não tenha a serenidade e a "postura" do personagem apresentado nos livros de J.K. Rowling que o diferencia dos demais (Nas duas primeiras partes da saga, era Richard Harris quem o interpretava. Infelizmente, veio a falecer. Entretanto, hoje em dia, provavelmente ele não teria a compleição física necessária). Jim Broadbent nos surpreende com uma interpretação excepcional do professor Horace Slughorn. Maggie Smith (professora Minerva McGonagall), que apareceu por míseros minutos - ou até segundos - em A Ordem da Fênix, teve um pouco mais de destaque - o que é bom, visto que ela é uma excelente atriz. Alan Rickman continua dando um show como o professor Severo Snape, com muito cinismo e seriedade. Risadas histéricas e maléficas e muita loucura fazem com que Helena Bonham Carter, mesmo aparecendo pouco, roube a cena como a louca Comensal da Morte Bellatrix Lestrange. Também nota-se uma evolução com Tom Felton (Draco Malfoy), que conduziu muito bem o seu personagem, o qual sofria uma grande carga emocional.
Ah, é claro que eu não poderia deixar de mencionar Hero Fiennes-Tiffin, atuando como Tom Riddle aos 11 anos. Uma grande revelação: com seu pouco tempo em cena, é capaz de gelar espinhas com um olhar frio e penetrante. Impossível não temê-lo na cena em que Harry vê uma lembrança, com Tom Riddle indagando à Slughorn sobre as Horcruxes - objetos onde guardamos pedaços de nossas almas, mas que é impossível de se fazer sem tirar a vida de alguma desafortunada pessoa. Suas feições e seu olhar, nesta sequênica, são tenebrosos.
Uma pena que, nesta trama tão sombria e bem elaborada, o destaque tenha demasiadamente caído para o romance juvenil dos personagens. Não que isto seja necessariamente um defeito. Afinal... adolescentes e jovens estão com o amor pairando sob suas cabeças, e os bruxinhos não são excessão. No entanto, o roteiro esqueceu de enfocar um pouco mais o núcleo principal - VOLDEMORT. Algumas lembranças que apareciam na narrativa de J.K. foram até mesmo cortadas do filme.
Enfim... uma direção amadurecida de David Yates, um roteiro ousado mas eficiente de David Kloves, atuações soberbas, fotografia e efeitos especiais espetaculares e um clima sombrio necessário, fazem deste "Harry Potter e o Enígma do Príncipe" provavelmente o melhor de todos. Seu saldo final é positivo e causa boas expectativas para a sétima e última parte desta saga: As Relíquias da Morte - que, na verdade, será dividido em duas partes. Resta a nós aguardar o fim que se aproxima.
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