Poucos filmes conseguiram fazer com que eu levasse um pouco dele adiante em minha vida. Poucos me emocionaram a ponto de sair da sessão bobo, como um louco, os olhos arregalados, não acreditando no que eles acabaram de enxergar. O Fabuloso Destino de Amélie Poulain é justamente um dos melhores filmes já feitos por isso, e MUITO mais.
Até hoje não sei definir exatamente qual é sua história. Muita coisa ocorre nestes agradabilíssimos 122 minutos de duração. Porém, tudo começa quando Amélie Poulain, uma jovem garçonete em sua casa, deixa cair um objeto de sua mão, que rola, colide em um azulejo do banheiro e revela que, lá dentro, escondida, havia uma caixinha repleta de objetos pessoais de algum cidadão. Amélie decide que iria encontrar o dono daquela caixa, custe o que custasse. Se ele se emocionasse, passaria a interferir mais na vida dos outros, ajudando-os ou tentando mudá-las de alguma forma. Se não, nas palavras do filme, "deixa pra lá".
Mas foi realmente desde o primeiro minuto que fiquei encantado. Detalhes minuciosos são explorados de forma fantástica e nem um pouco chatas, fazendo com que inevitavelmente nos identifiquemos com as personagens e seus gostos peculiares: enfiar a mão em um saco de grãos, passar cola na mão para depois tirar aquela casca... São coisas aparentemente insignificantes, mas que nos identificamos, pois todos temos prazeres e desprazeres pequenos e aparentemente exclusivos. Eu, por exemplo, adoro tomar banho de braços levantados para que a água quente também corra por eles; gosto de passar água em copos antes de beber alguma coisa, por mais que já estejam lavados; gosto de batucar em todos os objetos e coisas que vejo pela frente e ver se tem um bom som; etc.
Muitos outros detalhes na história em si são mostrados, e que provavelmente não teriam em demais filmes. Como a CHUVA em uma cena avulsa. Que filme faria uma cena absolutamente normal com uma CHUVA despencando do céu? Ou, como em outro momento, que outro filme iria lembrar de embaçar o vidro quando alguém estivesse respirando na sua frente?
A trilha sonora é belíssima, assim como a fotografia e direção precisa de Jean Pierre Jeunet. O humor é tratado de forma bastante simples, sem ironias, humor negro, ácido ou escatológico, apenas divertido. Não é, jamais será, um filme de comédia. Mas nos diverte a todo instante.
Como já falei anteriormente, todos os personagens são construídos de forma impecável, com seus curiosos gostos. Mas o que seriam deles se não fossem o incrível elenco? Audrey Tautou está no filme de sua vida, encarnando uma personagem simpática, carismática, encantadora, que consegue passar perfeitamente os seus sentimentos, suas reações, seus pensamentos, assim como praticamente todos os outros atores. Até mesmo o narrador em off e os figurantes estão ótimos.
Ainda preciso falar do roteiro do filme? É perfeito, assim como tudo em Amélie Poulain. Alguns indivíduos que assistiram comigo reclamaram que é muito parado, para a minha mais profunda indignação. Certo, não é um filme explosivo, cheio de ação. MAS NÃO É UM FILME PARADO. Tantas coisas acontecem que eu mesmo não sei explicar direitinho a sua sinopse/história. Uma trama que cada vez mais aumenta de tamanho, surgindo um novo detalhe/mistério aqui, outro acolá, e no final tudo é resolvido perfeitamente, com verossimilhança.
A todos que ainda não tiveram a oportunidade de assistir, aqui vai minha recomendação. Não é apenas um filme "fofo", mas encantador, divertido, que quase me levou às lágrimas, tamanho o grau de fascínio que tive com os personagens, situações e DETALHES, desempenhando assim um papel "acidental" de emocionar. Lindo de mais.
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