Depois de Batman, um filme espetacular, que redefiniu a imagem do Morcego, e de Batman Returns, um filme sombrio e tão bom quanto seu antecessor, ambos dirigidos por Tim Burton, eis que é a vez de Batman Eternamente, desta vez dirigido por... Joel Schumacher. Mas porque? Porque Tim Burton "escureceu" de mais os filmes do herói. Sim, isto mesmo. A franquia, na época, era mais direcionada a crianças. O que ocorreu foi que Burton, ao invés de alegrar e agitar a pimpolhada, fez dois filmes do Morcego tão sombrios e sérios que a molecada saiu do cinema dizendo "glup". Portanto, já que a coisa estava mais "dark" do que o planejado, houve uma substituição na direção. E isto foi um erro.
No filme, Batman (Val Kilmer) deve enfrentar dois vilões conhecidos como Duas-Caras (Tommy Lee Jones) e Charada (Jim Carrey), que, além dos planos malígnos em Gotham City, querem desmascarar Batman e matá-lo. Porém, desta vez, o herói conta com a ajuda de Robin (Chris O'Donnel), um circense que deseja vingança pela família assassinada por Duas Caras.
Já nos primeiros minutos de Batman Eternamente podemos ver que as mudanças feitas foram drásticas: Gotham não é mais tão escura, suja e sombria como antes. Não, ela é uma cidade colorida e com estatuas gigantescas (?). O clima que Burton criou tão bem foi destruido. Antes, a trama era séria. Em Eternamente é recheada com piadinhas. O Batmóvel também sofreu mudanças, agora tendo calotas de morceguinhos e um fogo colorido, mas mesmo assim ficou "aceitável".
As atuações estão medianas. O melhor no filme é, sem dúvidas, o mordomo Alfred, que mais uma vez é interpretado por Michael Gough, que continuou impecável, irônico e conselheiro, do jeito que um Alfred deve ser. Val Kilmer não estava ruim, uma vez que fez perfeitamente um Bruce "playboy"/traumatizado/heróico. O comissário Gordon de Pat Hingle, mesmo sem a aparência do personagem, continuou competente. Chris O'Donnel como Robin não é de todo o mal; Joel Schumacher até alterou o personagem para melhor, sendo que não é mais um criança/adolescente como nos quadrinhos, e sim um rapaz de uns 30 anos. Nunca engoli direito um Robin criança, mas com a mudança em Eternamente eu engoli. Ponto para o filme.
Harvey Dent/Duas-Caras, nos quadrinhos, era um personagem interessantíssimo, bem construído, com boa história e tudo mais. Era meu vilão preferido, ganhando até mesmo do Coringa. Mas em Batman Eternamente, o que temos? Temos um Duas-Caras saltitante e risonho, tendo do personagem apenas o passado e a dupla personalidade (até exagerada). Aliás, seu passado foi apresentado em míseros segundos. Nem sequer em um minuto. Bruce Wayne está na sua casa vendo TV, e assistindo uma reportagem sobre a história do vilão: antigamente, era um promotor público, que fora atingido por um ácido em um lado do rosto pelo chefe de máfia Sal Maroni (isso explica a deformação de seu rosto). Batman não o salvou então ele o culpa por isso. E aí estão as únicas coisas que o filme mostra sobre Harvey Dent antes de se tornar o vilão.
O Charada, no filme, estava mais para um Coringa. Saltitava mais que o Duas Caras, desmunhecava, fazia piadas e seus modos eram tão exagerados que chegavam a ser gays. No fim, ele e Duas Caras não pareciam vilões, e sim uma dupla de palhaços alegres festejantes.
Batman Eternamente não alegra, não entusiasma e não nos prende com sua trama como os filmes de Burton faziam. É estranho ver Tommy Lee Jones fazendo um papel destes num filme sem sal. Apenas dou uma média 7,5 por causa que no passado o filme era o meu favorito do Morcego e ainda restam alguns pontos positivos nos personagens e atuações. E parece que desta vez conseguiram o que queriam: alegrar a criançada. Mas apenas isto. A bilheteria total foi US$ 336,531,112.
Visto que o filme deu certo, era hora de mais uma sequência. E aí então começou uma verdadeira decepção...
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