Precisamos admitir: Jon Favreau é um cara bacana. Tipicamente servindo como ator e diretor, Favreau abriu de maneira eficiente o arco do Universo Marvel nos cinemas com "Homem de Ferro", e conseguiu escrever seu nome na história do cinema no sentido de que, gostem ou não, o projeto da Marvel Studios de lançar um verdadeiro universo é inédito.
Em "Chef", Favreau entra em um projeto mais pessoal. Uma comédia com nomes talentosos que estão claramente se divertindo cheio de despretensão. De fato, a iniciativa por si já seria um atrativo para vermos um Favreau mais intimista livre das imposições dos grandes estúdios. O problema é o que Chef tem pessoalidade tem de subdesenvolvimento da trama.
Carl Casper (Favreau) é um chef de um restaurante francês de Los Angeles que sente ter perdido o próprio dom ao estar cozinhando o mesmo menu há mais de 5 anos......
"Opa! O que é isso, João? Parou a sinopse no meio assim do nada?"
Sim, leitor(a) hipotético(a), parei. Pelo fato de que se eu for contar a sinopse como divulgada por aí terei contado aproximadamente 74 minutos de sua metragem, ou seja, apenas a 40 minutos de seu desfecho.
Isso já é o suficiente. O roteiro é mal escrito. Tanto do ponto de vista da sua composição estrutural quanto pela falta de polimento dos diálogos, dois dos pontos centrais que fazem Chef se tornar maçante em alguns momentos.
Além da já comentada estrutura mal feita, os diálogos entre Casper e seu filho Percy são exaustivos pela necessidade constante de Favreau reafirmar a importância das redes sociais na trama. As explicações do funcionamento do Twitter, Vine, dentre outras, podiam ter muito menos que 20 segundos cada, mas chegam a se repetir várias vezes durante o andamento. O nível de redundância acaba até prejudicando algumas sacadas interessantes como a inserção de "balãozinhos" do Twitter e os passarinhos voando pelo fato de sermos massacrados com as falas terrivelmente expositivas de seus personagens, sobretudo o já citado filho do protagonista.
Sendo assim, é triste ver que quando o filme verdadeiramente decola (repetindo: faltando 40 minutos!), estamos diante de uma série de pontas não fechadas que até foram apresentadas bem. A relação de Casper com sua ex-esposa Inez (Vergara) possui um desfecho abrupto e forçado que é reflexo justamente dessa estruturação mal feita. Inclusive, ninguém deve ter conseguido, desculpe o trocadilho, digerir tal desfecho.
Uma pena que o elenco é tão subaproveitado. Com nomes ótimos para comédia como Dustin Hoffman e o eficiente Oliver Platt, seus personagens possuem poucos momentos e, pior, quando percebemos que a partir deles poderíamos ter circunstâncias que poderiam elevar a qualidade não só da trama, mas da própria comédia a qual se propõe. Sim, é isso mesmo. Não elogiarei tanto o elenco, pois terem sido quase servido apenas como "vitrine" e não conseguirem rechear (mais uma vez, desculpem) de qualidade o filme.
Ainda assim, é preciso reconhecer que a simpatia de Favreau enquanto ator e Leguizamo conseguem arrancar bons risos. Aqui, Favreau demonstra que possui calibre para fazer comédias inteligentes que se propõem a terem temáticas interessantes. Além disso, ainda que possam não ser muito mais que "perfumaria", as músicas são bacanas, tornando pelo menos o down..., digo a compra do álbum de trilha sonora válida.
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