Durante um momento do filme, o protagonista, pai da criatura monstruosa, comenta que, quando criança, via aquele monstro gigante, Frankenstein, e achava ser este o nome da criatura. Mais tarde viria a descobrir que na verdade o famoso nome pertencia ao criador/doutor/cientista.
Ou seja, uma troca de identidade (pela qual, creio, quase todos passaram exatamente assim). Uma espécie de metonímia. E ocorre algo similar com este filme. Aparentemente o vilão, o monstro, o perigo para todos reside na aberração recém-nascida. Mas – como em muitos grandes filmes do tipo – a sociedade é quem causa o maior mal. Poucos se importam com os pais. A ordem é matar a criatura. Policiais, a mídia, o governo, até uma enfermeira particular, todos se tornam parasitas.
Resta ao pai, então, tentar proteger seu primogênito de ser contaminado por esses parasitas. Ao mesmo tempo em que lida com o rebuliço ao redor. A mãe, ainda atordoada pelo acontecimento, só quer seu mais novo filho de volta. E é nas feições do pai que se encontra o grande mistério do filme: desde o início ele concorda que o bebê deve ser exterminado, mas ficamos sem saber se é realmente isso que se passa por sua cabeça. Qual seu pensamento, durante o par de cenas em que lágrimas caem de sua face? Quer ele o seu filho de volta? Quer o seu fim? Não o fim pelos seus atos assassinos, mas poupar-lhe do mundo cruel com os que fogem dos padrões.
Um suspense de horror autenticamente triste.
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