Muito provavelmente tudo já foi dito acerca de Titanic (idem, 1997) e sua grandeza, tanto em relação à sua produção gigantesca, quanto à sua arrecadação bilionária que o coloca na segunda posição entre as maiores bilheterias da história e de tantos prêmios no mundo cinematográfico, afinal, foram onze Oscar, incluindo o de melhor filme, número de estatuetas que colocou o filme de James Cameron entre os mais premiados da história, ao lado de Ben-Hur (idem, 1959) e mais tarde, em 2003, a um dos exemplares da trilogia O Senhor dos Anéis. Curiosamente, as três são produções grandiloquentes e com longa duração haja vista, possuem mais de cento e oitenta minutos cada um.
Pois bem, Titanic, com toda certeza, foi o filme que mais assisti nos poucos anos de minha vida cinéfila, e assim acontece com muitas pessoas a minha volta e creio que com muitas outras, portanto, não é necessário contar o plot da produção, não é esse meu objetivo, mas, discutir sobre o segredo desse marcante sucesso de público, que apesar de tudo, é um bom filme, mas não perfeito e nem o melhor da história cinematográfica.
A produção peca em muitos aspectos narrativos e de roteiro. O filme é deveras forçado ao mostrar a diferença entre as classes sociais antagônicas que coexistem dentro do navio e faz com que a crítica social seja superficial, rasa e repetitiva. Além disso, não se pode negar que o romance de Jack e Rose, apesar de ser carismático e do casal combinarem – e atuarem extremamente bem – é clichê, maniqueísta, mas com passagens deliciosas de serem vistas, como a cena de Jack desenhando Rose com o diamante azul – Le coeur de la mer – no pescoço.
Defeitos não faltam. E, por conta do que sinto pelo filme, quando listo as más características da produção me sinto com uma espécie de ingratidão, afinal Titanic é Titanic, um dos filmes que despertaram minha paixão pelo Cinema, por diversas razões: pela sua grandiosidade, por já haver decorado as falas mais marcantes (“Eu pulo, você pula, lembra?”), por ainda me emocionar, mesmo que eu tente resistir, com a trilha sonora chorosa e irritante de Celine Dion, a reconstituição perfeita do navio e de todos os detalhes formidáveis que nos são apresentados por uma linda fotografia e bons efeitos especiais e também pela boa discussão em torno do papel da mulher na sociedade do começo do século XX, época em que o mundo estava fervendo com a invenção de novas máquinas cada vez mais grandiosas, assim como é mostrado em relação ao potencial daquele navio que “nem Deus seria capaz de afundar”.
Enfim, como foi dito, Titanic tem uma série de defeitos, mas devo apontar que possui uma das cenas mais lindas da história do cinema, aquela que começa quando os membros da orquestra se despedem um do outro, mas se juntam na mesma música e depois mostra aqueles que já haviam desistido da briga no convés pelos botes salva-vidas. E quando o seu final se aproxima, é bem possível esquecer-se de tudo e olhar para sua grandeza e aproveitar o espetáculo, emocionando-se, chorando, rindo e perguntando-se se havia ou não lugar naquela porta para Jack.
Brincadeiras á parte, Titanic é um dos filmes da minha vida, mesmo com seus defeitos, alguns dos quais, risíveis e que causam vergonha alheia, mas cujo saldo ao final da sessão sempre é positivo e que continuará sendo, para mim e para milhões – ou bilhões – de pessoas. Seja em 3D desnecessário, ou não, seja na tela grande ou não, seja na TV aberta ou fechada, Titanic tem um lugar tão amplo na história do cinema assim como o tamanho do próprio navio.
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