Esperança vs ceticismo

Andy Dufrainne é acusado de matar a sangue-frio sua mulher e seu amante. Ele é condenado a prisão perpétua na prisão de Shawshank. Até então não sabemos se Andy é ou não inocente, e ficamos com essa dúvida boa parte do filme. Andy com seu jeito introspectivo atiça a curiosidade de Red (Morgan Freeman) e se inicia o que se tornaria uma linda amizade.

O filme, diferente de grande parte dos filmes sobre prisões, não foca tanto nos conflitos do protagonista contra outros presidiários, e sim na ideologia acerca do tema prisão e suas consequências, como a inconstitucionalização de seus internos, que quando tem a "sorte" de serem soltos, não conseguem se adequar a sociedade depois de se acostumarem com os muros da prisão. O abuso de poder por parte dos responsáveis pelo local. Ou ainda a forma falha que o sistema avalia se o interno está ou não apto a sair dali.

Ao contrário de Andy que se diz inocente, Red diz sem firulas que não está ali injustamente. E isso é o que causa o maior conflito de ideias dos amigos, enquanto Andy tem esperanças de sair do lugar, Red se mantém cético, dizendo ao amigo para não criar falsas esperanças. Isso é causado pelo sentimento de culpa de Red, que não se vê merecedor do regresso a sociedade uma vez que cometeu um assassinato. Já Andy tem certeza de sua inocência e sabe que ali não é seu lugar. Então, toda noite trabalha secretamente para aumentar suas chances de fuga, já que sair do jeito legal era algo fora de cogitação.

Um Sonho de Liberdade é famoso principalmente pelas suas cenas marcantes, sempre emocionantes, como a carta de despedida de Brooks, a singela cena do descanso regado de bebida no teto do prédio e o que uma simples ópera pode causar em pessoas que se esqueceram do que é ouvir música. É um filme que te conduz por um caminho e perto do final te surpreende, se revelando como um dos maiores filmes de todos os tempos, dado a força das suas idéias, o ótimo desempenho dos atores, e um dos mais belos finais que se pode ver.