Domingo, dia 26 de fevereiro de 2012, será dia de eleição presidencial. A menos que uma das candidatas que concorrem pelos partidos independentes surpreendentemente ganhe o pleito, a disputa será entre a candidata democrata Viola Davis e a republicana Meryl Streep. A cerimômia de posse se dará no próprio local da votação, o Kodak Theatre, onde os eleitores da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas vão escolher a nova representante do cargo mais alto da dramaturgia mundial.
Herdeira de Halle Berry, a primeira presidente negra dos Estados Unidos, Viola Davis tenta se eleger com um discurso eminentemente popular. Vem de uma campanha legítima que pregou a igualdade racial, no contexto em que empregadas domésticas negras eram exploradas e segregadas. O discurso, em geral, agradou ao público, mas o mercado a acusou de ser demasiado melodramática e maniqueísta. Na verdade, as críticas não são exatamente à candidata, mas à sua campanha denominada Histórias Cruzadas (The Help, 2011, EUA) que apelou um pouco para o sentimentalismo do eleitor. A plataforma política é apoiada pelas candidaturas ao senado das também democratas Octavia Spencer e Jessica Chastain. Sua figura carismática inspira simpatia e reflete o espírito heróico que esperamos daqueles que vão receber a estátua presidencial.
Por outro lado, Meryl Streep defende uma candidatura conservadora. Ela vem de um mandato como senadora, pelo estado de Kramer vs. Kramer (Kramer vs. Kramer, 1979, EUA) e de uma presidência, quando fez uma campanha intitulada A Escolha de Sofia (Sophie’s Choice, 1982, EUA). Seu discurso privilegia o liberalismo e o empreendedorismo. Embora a marketeira Phyllida Lloyd tenha tentado fazer de sua figura durona mais palatável ao ressaltar a origem humilde, ela tem um alto índice de rejeição. O mercado, entretanto, acredita que ela não só tem chances de bater a adversária, mas que é a favorita para ser eleita presidente na noite de domingo. Em sua campanha, defendeu com firmeza e austeridade medidas impopulares para reativar a economia. Seus detratores a acusam de onipotência, seus admiradores acreditam que é exatamente esse o seu charme.
Torço pela campanha irrepreensível que Streep fez. Nessa eleição bem particular, o papel do bom moço nem sempre é o melhor para deixar o talento aflorar e, embora eu admire o trabalho contido e sensível de Viola Davis, voto no belicoso dedo em riste, nos discursos acalorados e nos trejeitos de Meryl. Nota: 7,0 (para o filme, 10 para a atriz).
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário