Em novembro do ano passado a sétima arte perdeu um grande talento. Mike Nichols, diretor de clássicos como A Primeira Noite de um Homem e Quem Tem Medo de Virgínia Woolf?, nos deixou órfãos de excelentes filmes. Entre os últimos trabalhos que o diretor deixou está Closer – Perto Demais que, talvez, seja o melhor filme da década passada. Por diversas vezes premiado, o longa além de intrigante encontra o maior suporte em seus atores.
A trama nos leva a conhecer Dan (Jude Law) que socorre a misteriosa Alice (Natalie Portman) em um acidente. Os dois iniciam um relacionamento e este é abalado quando Dan encontra e se apaixona por Anna (Julia Roberts) que, por sua vez, é casada com Larry (Clive Owen). Relações enganosas, traições, brigas, amor e jogos de conquista são os temas que o filme nos traz a partir desta premissa.
Entre o vai e vem dos sentimentos dos personagens, o roteiro (brilhante!) de Patrick Marber (que também é autor da peça teatral que deu origem ao filme) nos mostra com certa crueza a complexidade das relações amorosas. As atuações dos quatro atores são exemplares, com um maior destaque para a sensualidade explosiva de Portman durante toda a duração do longa – ressalto aqui a maestria com que o diretor e os atores Owen e Portman compõem a cena no clube de strip. Até mesmo os superestimados Julia Robers e Jude Law cumprem, e muito bem, o papel a eles destinado.
Outro ponto pelo qual o filme se destacou foi pela sua música. A canção tema que conduz o filme é o sucesso estrondoso do irlandês Damien Rice “The Blower’s Daughter” – sucesso este que ganhou até uma versão (horrível) em português nas vozes de Ana Carolina e Seu Jorge. Além de Rice, há espaço para a Bossa Nova brasileira que casa perfeitamente na cena em que está inserida, a do vernissage.
Com este filme, Mike Nichols prova mais uma vez ter um olhar muito sagaz sobre o amor. É um filme maduro que retrata com certa fidelidade a liquidez dos relacionamentos no mundo globalizado. Os cortes temporais que o diretor opta por realizar secamente completam a sensação de agilidade desses sentimentos flutuantes dos personagens. E, para completar, ele ainda nos deixa uma questão em aberto: “por que o amor nunca é o suficiente?”. Grande filme!
Originalmente publicado em: www.portalcritico.com/2015/01/critica-closer-perto-demais-2005
Que filmaço!!!! Lembro-me da primeira vez que assisti. Era adolescente ainda e tinha terminado um relacionamento e tinha ficado um pouco doente bem na véspera do ano novo (putz!). Era 31 de Dezembro de 2005 e eu em casa de molho quando assisti à essa pérola!!!
Parabéns pelo texto Flávio e obrigado por me fazer recordar este episódio pitoresco da minha vida!!!😁