A produção é salva por determinadas cenas isoladas, entretanto sem conseguir realizar uma boa ligação entre elas. Levando em conta seu gênero, “A Epidemia” está um pouco acima da média deste ano.
O grupo de regravações está aumentando. E ganhou agora mais um exemplar, que mantendo a coerência de seus “parceiros”, passará pelos cinemas sem sequer ser notado. Analisando os últimos remakes, “A Epidemia” até funciona melhor que fitas como “Sexta-Feira 13”, “À Hora do Pesadelo” e “Halloween”, apesar destas serem mais direcionadas ao terror. Porém convenhamos que o nível de comparação esteja muito baixo.
Tendo como título original The Crazies, a produção é um remake do filme “O Exército do Extermínio” de 1973, filme elaborado por George A. Romero (diretor de “Martin” e “A Noite dos Mortos-Vivos” e com muita notoriedade quando o assunto é terror). Provavelmente o que mais distancia “A Epidemia” de sua obra original seja a intensidade de seus atos. George Romero, como de costume, utiliza um tom aterrorizante em sua obra, mesclando muito bem o desespero dos personagens principais pelos acontecimentos amedrontadores da trama. Agora olhando para seu remake, vemos um olhar mais fixado no suspense e não possui nem a metade do nível assustador do filme de 73.
Pois bem, a película acompanha a fuga de quatro moradores de uma cidade do interior dos Estados Unidos. O xerife do local (Timothy Olyphant), sua esposa (Radha Mitchell), um policial (Joe Anderson) e uma adolescente (Danielle Panabaker) tentam escapar de um vírus espalhado pelo sistema de abastecimento de água da cidade. Ao mesmo tempo, precisam fugir dos seus vizinhos, transmutados em zumbis sádicos após a ingestão da água, e de um exército policial enviado pelo Governo para deter a proliferação do vírus para além dos limites da cidade.
A trama é bem simplista, mas consegue se sustentar graças a uma história interessante. Porém o problema gravíssimo de “A Epidemia” é a direção de seu elaborador, um tanto quanto apressada. O encarregado é o desconhecido Breck Eisner, que só havia trabalhado em séries televisivas e no filme “Sahara”. Sendo assim Eisner parece querer mostrar tanta fidelidade a seus personagens, que decide correr junto com eles. Algumas informações vão sendo jogadas aos poucos pelo narrador, porém subitamente todas são reveladas juntamente e de forma muito supérflua. Aliando-se ainda a esta maratona de Eisner, temos uma distribuição muito instável de determinadas cenas. Como por exemplo, o momento em que se é descoberto o que realmente contaminou a população e o porquê de tal acidente. Um telespectador mais desatento, em um mero lance de distração pode deixar essa – importante – informação passar batida. Mesmo assim o longa possui ótimas cenas, isto se observadas isoladamente. A cena dentro de um lava-jato, Timothy Olyphant com uma faca na mão e o ótimo plano final, se melhor trabalhadas, poderiam dar certa estabilidade á produção.
Outro erro grave de Eisner foi a em não focar os problemas vividos pela população, dando atenção somente ao casal principal interpretado por Timothy Olyphant e Radha Mitchell. Tanto é verdade que por mais que novos personagens surjam, eles são rapidamente descartados de cena. Essa é uma ferramenta pouco utilizada no terror, mas aqui Eisner perdeu uma grande oportunidade de destoar um pouco dos filmes do gênero.
São inúmeros os erros estruturais de “A Epidemia” que não será possível elencá-los aqui. Porém merece um destaque negativo, a apressada direção e a péssima exploração dramática utilizada na trama. Os zumbis, a população e o exército são esdruxulamente aprofundados, criando o tal foco indesejado que acabei de relatar.
E por falar em filmes do gênero, “A Epidemia” consegue um destaque relevante se comparado as outras fitas lançadas neste ano. Realmente constatamos que a média é baixíssima, mas podemos afirmar que consegue atingir um êxito maior se comparado a “A Hora do Pesadelo”, “Vírus” e “Caso 39” que estrearam neste ano, sem deixar saudades.
O elenco carismático e deveras eficaz também tem uma grande parcela de contribuição para a aprovação do público. Timothy Olyphant (“Hitman – Assassino 47”), Radha Mitchell (“Terror em Silent Hill”), Danielle Panabaker (“Sexta-Feira 13”) e Joe Anderson (“As Ruínas”) se estão longe de uma atuação esplendorosa, conseguem dar um ritmo coerente e realizam um trabalho correto dentro de suas limitações.
Mesmo se atropelando em boa parte da projeção, “A Epidemia” tem um resultado dentro do esperado: Mediano. Assim como seus “concorrentes” no estilo, passará pelos cinemas sem deixar saudades, mesmo que claramente seja dentre eles, o mais eficiente.
Nota: 5,0
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