O filme mais ambicioso e carregado de efeitos especiais do ano. Dificíl será não se surpreender, porém como nem tudo é perfeito, o roteiro fracassa e muito, retalhando estórias de filmes passados comuns ao mesmo gênero.
Desde a década de 1990 o diretor alemão Roland Emerich vem tentando "acabar" com o mundo em seus filmes ou pelo menos recriá-lo, sendo o melhor até este novo "2012" o seu filme de 2004, "O dia depois de amanhã". Bom, na verdade este último mencionado foi apenas um ensaio para o diretor conceber essa obra cinematográfica que está levando milhões às salas de cinema para ver o fim do mundo, ou pelo menos, um recomeço da raça humana.
Como nem tudo é perfeito, o diretor peca ao assumir um rotero fraquíssimo, que mais parece um conjunto de outros filmes que também servem para "destruir" o mundo, alguns desses que ele mesmo dirigiu anos passados, exemplo "Independecy Day". É clara a semelhança, em algumas cenas catastrófes, com outros longas. Além disso a estória em si não foge muito do que foi por exemplo "Guerra dos Mundos". Os mais críticos irão perceber um certo 'deja vú' com o filme de Spielberg. O fato, por exemplo, do protagonista ser um trabalhador "mal-assalariado", estar separado de sua mulher, enquanto a mesma já está casada com outro, e acima de tudo o fato do personagem principal ter dois filhos, mais precisamente um casal, no qual o menino mais velho odeia o pai e a mais nova se dar tão bem com todos, semelhanças demais não acham? A diferença? Lá eles fogem de "extra-terrestres" aqui eles fogem da "natureza". Outros pontos também são bem clichês, ao extremo. Mais uma vez o presidente americano é um negro (menção clara a Barack Obama), e outros personagens parecem terem sido recortados e remontados de outros filmes-catastrófes. Como se tudo ainda não tivesse pior, o filme se calca a uma lenda maia de que o mundo irá acabar em 2012, ou seja precisa ter muita "fé" e inteligência para pelo menos acreditar na estória, que na verdade só serve de pano de fundo para o diretor acabar com o mundo e matar mais milhões de pessoas.
Ainda no campo do roteiro houve algo que me chamou a atenção, e foram as referências à temas já bem atuais. Como por exemplo a referência a Obama, e outras a mais que foram claramente colocadas no longa para que ele pareça o mais atual possível.
Por outro lado somos recompensados com um show de efeitos especiais, com certeza o melhor filme-catástrofe já feito, e o melhor filme de efeitos em CG do ano, até agora, depende apenas de "Avatar" tirar esse benemérito. Cenas cheias de ação, terremotos, maremotos, tsunamis e erupções fazem parte do cárdapio de efeitos da natureza que são mostrados no longa. Algo que me chamou bastante atenção foi a estratégia de marketing da distribuidora. Isso mesmo, no trailer vemos apenas uma ou duas cenas com grandes efeitos, enquanto no filme mesmo, takes que deixam "Titanic" e "King Kong" bem atrás, só pra citar, deixam os telespectadores de boca aberta.
O dinheiro gasto na produção do filme mostra que a equipe de CG teve de trabalhar dobrado para fazer cenas realmente incríveis, e não são poucas. Porém como diz o ditado: "Tudo demais faz mal." E aqui também podemos notar que o ditado faz efeito. Em certos takes o exagero de efeitos é tanto que o longa fica feio e torna-se enfadonho parecendo uma animação. A sorte é que isso ocorre apenas em uma das cenas. Creio que o Oscar de Melhor Efeitos Especias já está garantido, pelo menos isso.
A direção de Emerich é rápida, sem perder o timing da ação, façanha que ele conseguiu ao dirigir outros longas da mesma classificação. As atuações não são o ponto forte também. Amanda Peet, atriz que eu nutro certa paixão depois de "De repende é amor", parece não estar segura de algumas coisas no filme e o próprio roteiro também não dá espaço pra isso. Repetindo mais uma vez a parceria com Peet, com quem já trabalhou em "Identidade", John Cusack tenta salvar as interpretações do filme, mas falha. A grande responsável por parte da boa atuação do longa fica por parte da atriz Thandie Newton, que ainda assim parece um pouco perdida no longa, também pelo roteiro não dá espaço para tal. O que é uma pena pois uma atriz como Newton já fez ótimas interpretações em ótimas obras como "A procura da felicidade" e a melhor em "Crash".
Se a intenção era ousar os produtores conseguiram, mas com certeza, como todos os outros filmes de Emerich, esse também cairá no esquecimento "logo-logo", e mais uma vez devido a falhas no roteiro. Mas se a intenção é babar com tantos efeitos que literalmente parecem muito reais, a missão foi cumprida e o ingresso acaba valendo cada centavo gasto.
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