A nova moda em Holywood é investir milhões em péssimos filmes de comédia. Se já fiquei estarrecido com os US$35 milhões gastos com “Super-Herói: O Filme”, imaginem como eu fiquei ao saber que este terrível “A Volta do Todo Poderoso” (Evan Almighty, 2007) foi orçado em astronômicos US$175 milhões, sendo o filme de comédia mais caro da história? O péssimo resultado pode ser confirmado com a indicação ao nada honroso prêmio Framboesa de Ouro de Pior Prelúdio ou Continuação. E este longa é extremamente inferior ao aceitável primeiro filme, sendo muito pior em absolutamente tudo.
A história é tão simples que pode chegar a ser banal. Evan Baxter (Steve Carrel), após ter sido eleito para o congresso, muda-se para Washington. Preocupado em cumprir suas promessas de campanha, Baxter reza para que Deus o ajude a corresponder com a maior delas: mudar o mundo. Passado isso, ele começa a receber encomendas estrahas, como ferramentas obsoletas e grandes quantidades de madeira. Simultaneamente, ele passa a perceber que um número começa a persegui-lo, o 614, e recebe indicações de que ele pode representar uma passagem da Bíblia, o Gênesis 6:14. Então, ele recebe uma visita do próprio Deus (Morgan Freeman), que confirma suas suspeitas e lhe dá a missão de fazer exatamente o que está contido na passagem referida: construir uma arca. E a história se resume a apenas isso, na construção da tal arca.
O filme conta com alguns elementos cômicos, mas nada que possa justificar o investimento que foi feito. Tanto que a melhor personagem em termos cômicos, Rita (Wanda Sykes) é completamente desperdiçada, aparecendo apenas esporadicamente. As outras boas cenas ficam por conta da utilização dos animais. As perseguições ao deputado, apesar de serem maçantes depois de algum tempo, são até legais no começo. Algumas cenas da construção da arca também são engraçadas, mas nada que possa divertir muito. Se o longa consegue arrancar alguns risos de nós, ele tem uma capacidade muito maior de irritar. As constantes assemelhações a Noé sofridas por Evan são completamente desnecessárias. Nós todos sabemos que quem construiu a arca foi Noé, o roteiro não precisava tentar fazer o personagem sem graça interpretado por Steve Carrel ser um pouco engraçado, pois isso apenas faz com que ele beire o ridículo. As visões que Baxter tem de Deus também são completamente chatas, já que elas ocorrem a todo o tempo, e o imbecil do personagem se assusta em praticamente todas elas. E a presença do número 614, então… Ele aparece umas 10 vezes, sendo que poderia ter sido visualizado umas 5 (no máximo) e ser explicado. Mas o desespero dos produtores de alongar ao máximo o filme é tão grande que eles acabam explorando demasiadamente algo quase inexplorável.
O elenco de “A Volta do Todo Poderoso” é bom, mas muito mal utilizado. Morgan Freeman e Steve Carrel mostraram não serem bons no quesito escolher roteiro. Seus personagens carregam muito pouca comicidade e carisma. Sendo os dois principais personagens da “trama”, deveriam ter sido pelo menos um pouco melhor construídos. Em contrapartida, Wanda Sykes dá um show. Com sua irreverência e jeito desleixado, ela tem grande facilidade em provocar no espectador verdadeiros “ataques de riso”, apesar de suas falas, assim como a maioria dos diálogos do roteiro, não serem bem feitas. Os garotos que interpretam os filhos de Evan (Johnny Simons, Jimmy Bennet e Graham Phillips) são bastante seguros, apesar de também não terem o destaque merecido na história. O restante do elenco tem atuação simplesmente burocrática, sem nenhum destaque. O filme ainda conta com uma trilha sonora aceitável e os efeitos especiais, apesar de extremamente caros, não se mostram tão bons assim.
“A Volta do Todo Poderoso” ingressa no grupo das continuações que não fariam falta nenhuma se não tivessem sido feitas. Eu não vou falar para você não assistir, pois nunca vou lhe negar o direito de ter suas próprias conclusões sobre um filme. Mas, por favor, se não gostar, não diga que foi por falta de aviso!
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