Quando “Turistas” (idem, 2006) foi lançado em 2006, causou uma confusão imensa no Brasil. Foi vítima de inúmeras ameaças de boicote e mesmo de não ser exibido. Mas acabou que, apesar da confusão, o longa chegou ao Brasil causando muita polêmica. O motivo? O filme é passado inteiramente no Brasil, e mostra uma quadrilha de tráfico de órgãos que seqüestra turistas para roubar seu fígado e seus rins. O que mais incomodou não foi o tema da história, mas sim o modo como o país foi retratado, como sendo apenas um reduto de mulheres, praias, bebida e drogas. Mas aí eu pergunto: nosso país é diferente disso? O que vemos todos os anos durante o Carnaval não é realmente um show de mulheres seminuas, pessoas caindo de bêbadas e drogadas? De onde veio o falso moralismo dos brasileiros, que apenas não querem passar a imagem de sua realidade para o exterior? Num país onde a cada eleição mais governantes corruptos são eleitos, mas dinheiro é lavado e mais crimes são cometidos, por que essa preocupação excessiva com um filme extremamente bobo?
A história começa quando um grupo de turistas, a caminho de uma praia do litoral brasileiro, sofre um acidente de ônibus em um lugar aparentemente no meio do nada. No entanto, quando descobrem que há uma praia bem perto, eles decidem não esperar pelo ônibus que só viria no dia seguinte e vão encontrar o que queriam: mar, mulheres, bebidas e drogas. Em uma festa regada a caipirinha e maconha, o grupo de oito turistas cai no famoso golpe do “Boa noite, Cinderela” têm tudo roubado, cartões de crédito, dinheiro, passaportes, mochilas… Então, são ajudados por Kiko (Agles Steib), um simpático brasileiro que conhecem antes da festa, que os leva para a casa de seu tio. Sim, o que você está pensando realmente acontece! É apenas uma cilada, que leva os inocentes turistas para um médico que tem a intenção de roubar os órgãos de todos.
Caro leitor, não caia em uma cilada como nossos turistas burrinhos caíram, não deixe a polêmica levar-lhe a assistir a este filme! “Turistas” não é só um filme polêmico. É, acima de tudo, um filme ruim. Até porque, como eu já falei acima, não temos do que reclamar, pois o longa mostra apenas uma realidade do país, É do conhecimento de todos que nas maiores metrópoles do Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo, morre mais gente por violência do que em uma guerra civil. O povo brasileiro é, sim, carinhoso e acolhedor, mas eu não vejo motivo para querer esconder do mundo uma coisa que todos já sabem: o Brasil é um país perigoso e violento. O que muitos acabaram ignorando é que “Turistas” não cai em alguns erros comuns quando se referem ao Brasil no exterior, como falarem que somos índios, moramos em árvores e falamos espanhol. Esse foi um dos maiores acertos do longa, que a população, que está acostumada a ver crimes bárbaros como o de João Hélio (na época) mas não está pronta pra ver um filme que mostre o Brasil como ele é, acaba não se dando conta nem dando nenhuma importância.
A história de “Turistas”, assim como seu desenvolvimento, é bem chatinha e confusa. Você entra na sala com a expectativa de assistir a um banho de sangue, com uns 10 personagens tendo seus órgãos roubados, mas se surpreende pela única vez ao ver que apenas um personagem sofre com o tráfico! Isso mesmo, só UM! Nessa tentativa descarada de imitar o bom “O Albergue”, o diretor John Stochwell erra feio, pois, além de contar com uma história imbecil, ainda não faz bom uso do que tem em mãos. Os diálogos são banais e não contam a história com clareza, o que provoca bastante irritação a qualquer espectador. “Turistas” não passa qualquer tensão com suas cenas bobas de corre-corre e perseguição, mas acerta em cheio quando utiliza a caverna. As seqüências passadas no ambiente fechado, apesar se serem bastante confusas, são muitíssimo claustrofóbicas, deixando com falta de ar o espectador mais sensível.
O elenco de “Turistas” é muito fraco. Os protagonistas Pru e Alex são interpretados pela esforçada Melisse George e pelo ridículo Josh Duhamel. Josh não tem o mínimo carisma e, diria mais, não tem o mínimo talento para ser “premiado” com um papel principal, mesmo em uma bomba como “Turistas”. O destaque do elenco acaba sendo o brasileiro Miguel Lunardi, apesar de não ter feito muito como o médico insano que interpreta.
Os brasileiros que criticaram tanto o filme deveriam prestar atenção nos créditos finais, para verem a quantidade imensa de brasileiros que participaram da produção do longa. Mas “Turistas” é uma verdadeira perda de tempo. Se você não tem muito tempo, não perca uma hora e meia da sua vida assistindo a esta lástima. E não se deixe levar pela polêmica!
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