Os filmes de suspense adolescente vão ganhando mais espaço a cada dia. Depois do fenômeno da ótima série “Pânico”, recebemos verdadeiras bombas como “Pulse” e “Eu Sempre Vou Saber o que Vocês Fizeram no Verão Passado”, e algumas bênçãos como “Cry-Wolf: O Jogo da Mentira” e este sufocante “Paranóia” (Disturbia, 2007). É claro que nenhum destes consegue superar a clássica trilogia de Wes Craven, mas “Paranóia” consegue trazer algo novo ao batido mundo do suspense teen.
Kale Brencht (Shia LaBeouf) é um adolescente que sofre com a culpa pelo acidente que ocasionou a morte de seu pai. Abatido e desanimado, ele tenta levar a vida e ser feliz. Mas isso é prejudicado por seu professor de Espanhol que, ao provocar Kale em uma aula, acaba levando-o a desferir-lhe um soco no rosto. O ocorrido resulta a Kale a penosa pena de 3 meses em prisão domiciliar. Como se não bastasse ficar trancafiado em casa sem poder ultrapassar um raio de 30 metros da porta da casa, Kale ainda tem sua monótona vida prejudicada por sua mãe, que tira dele algumas de suas diversões, como seu videogame e sua televisão. Com isso, Kale passa os dias na internet e vigiando os vizinhos pela janela através de seus binóculos. E é assim que ele conhece Ashley (Sarah Roemer), a sua bela nova vizinha, de quem logo se torna amigo.
Um dos alicerces para Kale não enlouquecer é seu melhor amigo Ronnie (Aaron Yoo), que o visita constantemente e se torna um “companheiro de espionagem”. E é em uma dessas sessões de invasão da vida privada que Kale suspeita que seu misterioso vizinho, o Sr. Turner (David Morse), é um assassino. Recebendo a desconfiança solidária de seus amigos, Kale faz de tudo para provar que sua teoria é certa. A partir disso, os três amigos armam uma operação perigosa para incriminar o homem.
“Paranóia”, como todo suspense adolescente, tem seus defeitos e suas qualidades. Mas o que o difere dos filmes comuns é que a quantidade de suas qualidades supera imensamente os defeitos. A tensão é constante e uniforme durante os 104 minutos do longa, o que não permite que o espectador canse ou perca a vontade de continuar assistindo. Muito pelo contrário, faz com que anseie pela próxima cena o tempo inteiro, mantendo os olhos grudados na tela. Os acontecimentos passam-se num ritmo frenético, sem dar tempo para piscar os olhos ou respirar. A bela fotografia de Rogier Stoffers contribui imensamente para o clima de tensão ser criado e mantido de maneira claustrofóbica. A trilha sonora foi escolhida a dedo. Utilizada da maneira correta sempre, ela expressa perfeitamente todos os fatos e sentimentos de Kale, com destaque para “Lonely Day”, da banda norte-americana System of a Down. O único (repito, único) ponto em que “Paranóia” falha é a inevitável queda na obviedade. A história é complexa, mas acaba que algumas cenas são bastante previsíveis, apesar de não serem muitas, o que não atrapalha em nada o desenrolar da trama.
“Paranóia” possui um elenco de ouro. A aposta nos jovens foi perfeita, e os atores Shia LaBeouf, Aaron Yoo e Sarah Roemer cumprem seus papéis de maneira sensacional. Os experientes Carie-Anne Moss e David Morse completam o excelente elenco central. Shia LaBeouf, interpretando o papel mais difícil da trama, o complexo e problemático Kale, tem uma atuação irretocável, digna dos grandes gênios de Hollywood. Eu diria que essa atuação confirma Shia como um dos grandes favoritos a astro de um futuro próximo do cinema mundial. O ator de 22 anos tem uma atuação sólida e convincente, passando as emoções do personagem com total perfeição e sintonia com a trama. Aaron e Sarah cumprem bem o papel de alicerces do protagonista, por vezes equiparando seu brilho com o do espetacular Shia. David é o “fantasma” da história, com seu papel de vilão incerto, o que é revelado no estarrecedor terceiro ato. Sua atuação, ajudada pelo roteiro, nos deixa em dúvida ininterrupta sobre a identidade do Sr. Turner, sendo incrivelmente verossímil.
Ao assistir a “Paranóia”, é impossível não se fazer uma comparação com “Janela Indiscreta”, do gênio Alfred Hitchcock. Aliás, o roteiro deste filme foi escrito por causa da refilmagem do clássico “Janela Indiscreta”, na década de 90, mas o estúdio deixou expirar o prazo de filmagem, que finalmente (e felizmente) foi feita em 2007. “Paranóia” é estruturado com várias reviravoltas, que conseguem ser em um número elevado e não tornar o enredo confuso. Com tensão rolando à solta, este é, sem dúvida, o melhor filme de suspense teen feito depois da trilogia “Pânico”. Se você quer doses cavalares de adrenalina em seu sangue, este é o filme que lhe recomendo!
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