A escritora inglesa Jane Austen é conhecida pelas adaptações de seus livros para os cinemas. Foi assim com “Razão e Sensibilidade” (excelente) e volta com “Orgulho e Preconceito” (Pride and Prejudice, 2005). A diferença entre os longas não é grande na história, já que Austen adora escrever sobre moças ansiosas (para não dizer desesperadas) para encontrar um bom partido. A grande diferença é que “Orgulho e Preconceito” não é tão bem conduzido, apesar de ser ótimo filme, quanto o primeiro.
“Orgulho e Preconceito” é passado na Inglaterra do início do Século XIX, no qual os sentimentos eram vistos como algo quase banal, e os “pobres não podiam se misturar com os ricos”. É nesse contexto que a pobre Elizabeth Bennet (Keira Knightley) apaixona-se pelo rico Sr. Darcy (Matthew Mcfadyen). Darcy é um homem correto, mas que tem em seu passado fatos aparentemente obscuros. Dentre eles, o fato de não receber o amor devido do pai. Elizabeth, apesar de sofrer com pressões de sua família para casar-se com outro homem e da família de Darcy para afastar-se dele, mantém-se firme e determinada a conquistar seu objetivo de ser feliz ao lado do amado. Darcy também está apaixonado, mas o orgulho e o amor inconstante de Lizzie se opõem ao preconceito contra as classes menos favorecidas pela parte de Darcy, fazendo com que os dois nunca cheguem a um fator comum. E o filme segue nessa toada até o fim, passando por algumas boas histórias paralelas.
O forte de “Orgulho e Preconceito” não é a história, mas sim o visual e o elenco. Com figurinos, cenários e fotografia perfeitos, o longa é um colírio para nossos olhos. As roupas pareciam ter saído diretamente de uma máquina do tempo, vindas da Inglaterra do século XIX, merecendo a indicação que recebeu ao Oscar. Simplesmente maravilhosas! A fotografia é belíssima, os cenários e locações, esplendorosos. Fotografia que, na minha opinião, supera em muito o filme vencedor do Oscar 2006 na categoria, “Memórias de uma Gueixa”.
“Orgulho e Preconceito” mostrou ter também um diretor de elenco fenomenal, porque recolher um time que consegue fazer o filme funcionar da maneira como funcionou (mesmo com um enredo bastante explorado e batido), é tarefa para poucos. A começar por Keira Knightley, que faz a protagonista Elizabeth. Sua atuação emociona e empolga, fazendo com que o espectador saiba o que se passa nos pontos mais ínfimos de sua mente complicada. O galã Matthew Macfadyen interpreta o protagonista masculino, Darcy, com extrema correção. O jeito esnobe de seu personagem é encarnado com natureza, dando total verossimilhança à sua atuação. Há de se destacar, ainda, as atuações excelentes de Donald Sutherland e Brenda Blethyn, como os pais das garotas Bennet, e, principalmente, da megera Judi Dench, mostrando a maldade saltando em suas veias.
A cena mostrada na foto acima é a mais espetacular do filme. É onde entra o trabalho da direção nem sempre boa de Joe Wright, mas que mostra um trabalho de câmeras excelente. “Orgulho e Preconceito” é um filme que agrada àqueles românticos exarcebados, mas é capaz de derreter alguns corações de pedra com sua suavidade e sentimentalismo (sem excessos). Não é uma diversão garantida, mas é sim, um filme recomendado para se assistir a dois.
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