A franquia “Jogos Mortais” foi iniciada em 2004, com um filme que foi considerado revolucionário, em virtude de sua abordagem diferenciada sobre a vida humana, os métodos inovadores de tortura e um final de deixar qualquer espectador boquiaberto. Mesmo com um orçamento baixíssimo, “Jogos Mortais 1″ fez um sucesso imenso, dando origem a continuações. Os três filmes subseqüentes mantiveram a mesma essência e qualidade do primeiro, em todos os quesitos, inclusive na imprevisibilidade. Confesso que, diante de tamanha qualidade, eu me tornei um grande fã da série, ansiando para o lançamento de cada filme. Mas chega hoje aos cinemas brasileiros ”Jogos Mortais 5″ (Saw V, 2008) , sem dúvida, um dos filmes que mais me decepcionaram em toda minha vida. A queda em relação aos outros quatro é grotesca, o que dá origem a um filme simplesmente comum.
Após a morte de Jigsaw (Tobin Bell) e sua aprendiz Amanda (Shawnee Smith) no terceiro filme, o mestre da tortura é sucedido por mais um cúmplice, que é revelado em “Jogos Mortais 4″: o responsável pela investigação de seu caso, Detetive Mark Hoffman (Costas Mandylor). Sua marca, que não pode ser vista no quarto filme (pois os fatos são passados simultaneamente aos do terceiro), é mostrada logo na primeira cena (o que é característico da série, mostrar primeiro uma cena de tortura para depois começar a história propriamente dita), em que ele põe à prova um assassino que, em seu ponto de vista, teve sua pena muito abrandada. No entanto, seu jogo é completamente diferente dos de Jigsaw, pois o assassino faz o que lhe é imposto, mas morre do mesmo jeito. A história começa com a resolução dos finais de terceiro e quarto filme, que se encontram. O agente Strahm (Scott Patterson) consegue sair vivo da sala onde foi deixado, e passa a suspeitar que Hoffman teve algum envolvimento com a obra de Jigsaw. Disposto a continuar o legado de seu mestre, Hoffman inicia uma trama que visa eliminar todos os que lhe podem incriminar. Inclusive Strahm. Paralelo a tudo isso, cinco pessoas fazem um jogo coletivo, no qual testam sua capacidade de cooperação. As cenas desse jogo, que se assemelha um pouco ao passado no segundo filme, são as responsáveis pelo sangue que jorra no longa, mas não são muitas, o que o torna bem menos violento que seus dois antecessores.
O grande destaque do elenco de “Jogos Mortais 5″ é, mais uma vez, Tobin Bell. Apesar de interpretar um personagem já falecido, o ator aparece em quase todas as cenas importantes do longa, já que a construção da história, assim como em “Jogos Mortais 4″, é feita com uma exploração grande de flashbacks. Sua atuação intensa (como sempre) nos dá a exata noção de como os jogos foram arquitetados, desde o primeiro filme, e como Hoffman foi introduzido na trama. Costas Mandylor é, também, responsável por essa clareza. Sólido, ele passa todas as emoções que se passam pela cabeça de Hoffman, indo do medo inicial à frieza que o legado que lhe foi deixado exige, de forma perfeita, sendo um co-protagonista à altura de Tobin. Scott Pattersen é um bom nome também, traduzindo muito bem os conflitos de seu agente Strahm. Como destaque negativo fica a utilização muitíssimo moderada de Betsy Russel, que apareceu muito bem no quarto filme como Jill, a ex-mulher de Jigsaw. Neste, ela recebe uma “herança” de Jigsaw, uma caixa misteriosa, cujo conteúdo não é revelado. Por outro lado, não gostei dos atores que representam as vítimas do jogo coletivo, faltando-lhes a essência necessária para participar dos filmes da franquia.
Este é o primeiro filme da franquia que não conta com pelo menos um membro da dupla responsável pela direção do primeiro filme, Leigh Whannel e Darren Linn Bousman. Bousman ficou até o quarto, mas Linn só completou os primeiros três. Neste “Jogos Mortais 5″, é perceptível que o talento dos dois faz uma falta imensa, visto que a essência foi bastante perdida. Mesmo com a manutenção da base do quarto filme, que são os flashbacks, vê-se que a diferença de abordagem, de como o recurso é utilizado, é bastante diferente. Infelizmente, para pior, pois neste, se vc piscar mais do que deve, já não vai mais saber se o que está passando na tela é flashback ou não. Outro aspecto que muda bastante são as mortes e as armadilhas, que decaíram muito em inteligência, e um pouco em crueldade. A parte visual do longa é boa, a maquiagem continua eficiente como se mostrou nos outros quatro filmes. E, é claro, não se pode deixar de ressaltar a trilha sonora, já que a música que embalou todos os finais da franquia continua arrepiando todos os pêlos do corpo.
“Jogos Mortais 5″ tem um final, como os outros da franquia, bastante interessante e inteligente, mas acaba não sendo muito surpreendente. É provável que muitas pessoas, assim como aconteceu comigo, saibam o que vai ocorrer no final. Não o modo como ocorre, que é arrepiante, mas o fato que acontece. E esse é mais um ponto contra o quinto filme da franquia. E é também um final que, apesar da promessa dos seis filmes, não deixa quase abertura para uma continuação, a não ser que resolvam explorar o conteúdo da caixa recebida por Jill. Mas, sinceramente, apesar de ser um grande fã da série, espero que esse laçamento não seja feito. Eu não suportaria mais um declínio de qualidade como esse.
OBS.: Crítica feita no dia de lançamento do "Saw V" no Brasil.
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