Parece que a onda dos remakes de filmes orientais veio para ficar. Depois dos ótimos O Chamado e O Grito, passou a ser quase obrigatório que os filmes vindos do Oriente ganhassem sua versão ocidentalizada. E, assim como surgiraram essas jóias, também surgiram bombas, como Olho do Mal (o original é tão bom…), Imagens do Além… e Uma Chamada Perdida (One Missed Call, 2008) . Não assisti ao filme que deu origem a este, mas duvido muito que tenha sido pior, simplesmente porque seria burrice refazer um original tão ruim.
O filme começa com uma cena de incêndio, em que uma garotinha é salva. Logo depois, começa o longo desfile de clichês do filme, com uma moça sendo seduzida para a margem de um pequeno lago, no quintal de sua casa. Ela olha fixamente de perto para a superfície da água e, a partir daí, eu não preciso falar mais nada, todo mundo sabe que ela vai ser tragada por alguma coisa e morrer.
As vítimas deste filme são avisadas do dia e da hora em que vão morrer. Como? Recebem uma ligação em seu celular, que nunca é atendida. Então, é gravada uma mensagem na caixa-postal com uma data e uma hora futuras, com a própria pessoa narrando a sua morte. Bizarro, não? Mais bizarro ainda (eu diria até imbecil) é o modo como elas morrem, sem economia de clichês. A certas alturas do filme (e isso não demora muita a chegar), você se pergunta se está assistindo ora a “Premonição”, ora a “O Chamado”, tamanho é o discaramento da cópia de várias situações dos dois referidos filmes.
Partindo dessas misteriosas mortes, Beth Raymond (protagonizada pela fraquíssima Shannyn Sossamon) procura ajuda da polícia para tentar desvendar o mistério das ligações. Ela só tem, a princípio, a ajuda do policial Jack Andrews (Edward Burns), que sofreu com a perda da irmã da mesma maneira misteriosa. E eles partem em busca de respostas de maneira praticamente desordenada. Enquanto isso, as mortes continuam acontecendo, continuam imbecis e continuam previsíveis.
Aliás, a previsibilidade é um fator notabilíssimo em “Uma Chamada Perdida”. Desde o começo do filme, você já sabe quem vai sobreviver; quem é o cara que parece não acreditar e, segundos antes de morrer, ele acaba acreditando; quem são os imbecis que vão ao encontro da morte, parecendo que tudo já é combinado entre “assassino” e assassinado. Além do que você pode prever por alguns segundos o modo como cada um vai morrer. Não é utilizado nenhum, repito, nenhum fator de suspresa no filme. É um dos finais mais previsíveis e pouco ousados dos últimos filmes de suspense lançados. E isso é ainda mais atrapalhado pelo trailler. Se você estiver com preguiça de assistir ao filme, assista ao trailler. É uma experiência mais curta, menos frustrante e com o mesmo conteúdo. Tirando a brevíssima cena em que o lado emocional da infância de Beth é explorado (de maneira apelativa), o restante do filme é restrito aos montes de mortes causadas pelas tais chamadas macabras.
Apesar de ser um dos longas mais curtos que eu já vi na vida (81 minutos), “Uma Chamada Perdida” consegue ser cansativo, com suas seqüencias monótonas, diálogos sem atrativos e roteiro desorganizado. Roteiro que não é nem um pouco ajudado pelos atores, que, com suas interpretações anêmicas, não dão dinamismo nem mistério suficientes a um filme de suspense pelo menos razoável. Outro fator negativo são os efeitos especiais que, para os padrões atuais, são bem fracos (impossível não rir com o bebezinho segurando o celular no berço, tamanha a pateticidade dos efeitos).
Mas eu devo justificar a minha nota 2.5, pois o filme tem sim seus pontos positivos. A trilha sonora e os efeitos sonoros encaixam muito bem em quase todas as cenas, sendo quase sempre os únicos responsáveis por dar tensão ao filme (quem não se arrepia quando os celulares tocam a musiquinha macabra?). A fotografia, apesar de não ser das melhores, é um ponto legal do filme também, porque, apesar da ruindade toda do filme, não é desagradável olhar para a tela.
Assistir a “Uma Chamada Perdida” não é a melhor das opções de lazer. Ele não tem tensão suficiente para ser suspense nem dá medo suficiente para ser terror, fica tudo num meio termo para baixo. O filme é bem fraquinho, incluindo seu final. Mas se você duvida, tente a sorte e assista a esse desastre!
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