Brad Bird fez com Os Incríveis uma das melhores entradas de filmes dos últimos anos. Com uma leve apresentação dos personagens principais e uma sequência de ação ininterrupta. Atropelado pela trama que retrata a filosofia da humanidade de uma forma genial, como na parte em que o repórter narra sua reportagem: “Numa decisão surpreendente, um super-herói está sendo processado, por salvar alguém que aparentemente não queria ser salvo. A vitima, Olivéiro Tosco, que foi impedido de cometer suicídio pelo Sr. Incrível, entrou com um processo contra o famoso super-herói na Suprema Corte...”.
Logo depois dessa estranha reviravolta, os super-heróis são anistiados de suas acusações, desde que parem de se comportar como super-heróis. Todas as acusações e processos seriam retirados desde que se tornassem cidadãos “comuns”, fazendo do mundo um lugar melhor.
O filme é dirigido e escrito por Brad Bird, diretor conhecido pelo maravilhoso filme O Gigante de Ferro. O filme Os Incríveis foi todo imaginado como um filme de animação tradicional, porém com a sua dispensa da Warner Bros, Brad Bird partiu para junto da Pixar, levando seu trabalho consigo e lá fez o que conhecemos hoje como um dos melhores filmes da Pixar e um dos melhores filmes sobre de super-heróis.
Trama: depois de cinco anos, os super-heróis são levados a se comportar como humanos comuns deixando de lado todo seu proposito de salvar o mundo juntamente de seus “poderes tão especiais”. Com a demora de anos para se mudarem por completo pra sua nova casa, a família principal, que se consite em Roberto "Beto" Pêra (na versão brasileira e Robert "Bob" Parr, na versão original), no passado não tão remoto ele era Sr. Incrível e é casado com Helena Pêra (Mulher-Elástica) juntos eles tem três filhos Violeta Pêra e Flecha Roberto Pêra (Violet e Dashiell "Dash" Robert Parr). Cada qual com seus poderes. E por fim Zezé Pêra (Jack-Jack na versão original), o único, segundo a família inteira, que não há poderes. O único "normal" da família. Há também o grande amigo de Beto, Lúcio Barro (Gelado).
Violet: "O único normal aqui é o Zezé e ele nem sabe ir no banheiro ainda!"
Zezé: 'Risada'
Os poderes foram escolhidos detalhadamente para cada personagem para representa-los tal como são e como agem.
Para o Sr. Incrível possui uma força descomunal, e uma razoável resistência à ferimentos, sendo assim em uma tradução seria, o pai de família que faz de tudo para mantê-la com seu trabalho e força. Sendo às vezes um pouco insensível para não deixar abater-se.
Mulher-Estática pode esticar seu corpo, ou qualquer parte de seu corpo, a limites extremos. Sendo assim representa a mãe/a mulher, que se desdobra, se esticando ao máximo para suas obrigações como mãe e mulher.
Violeta consegue fica invisível e criar um campo eletro magnético de grande força em volta de seu corpo que expele tudo aquilo que ela queria manter afastado de si. Violeta representa uma visão sobre a adolescente que se priva de toda uma sociedade querendo sempre desaparecer, sendo esse o seu poder que consegue mais controlar. Ela contém aquele desejo de afastar tudo aquilo que a aflige, que no caso seria sua família, criando um campo protetor ao seu redor. Curiosamente no fim do filme ela termina com o campo de forma todo envolto com sua família, mantendo-os junto dela e longe do perigo.
Flecha consegue correr a uma velocidade espantosa. Remetendo ao jovem adolescente em transição da criança para a adolescência, sempre rápido, sempre elétrico, sempre tudo sendo pouco e devagar demais para seus desejos. Querendo seus desejos não tardiamente e sim naquele mesmo instante.
Gelado consegue em conjunto da umidade do ar criar gelo. Ele representa a parte que esfria a família em tempos quentes e de brigas, tanto que a sua entrada como um humano “comum” na trama é exatamente no momento de uma briga extravagante entre a família Pêra se sucede na sala de jantar, chegando ele e esfriando toda a família.
Zezé Pêra, erroneamente como todos achavam contem poderes especiais sim. Uma pequena amostra de seus poderes incrivelmente especiais é mostrado logo ao fim do filme. Zezé consegue se transforma em um mostro vermelho, parecido com um pequeno diabo, seu corpo pega fogo, transforma as moléculas que sustentam seu corpo em metal, cria terremotos (essa é uma suposição, já que na mão do vilão Síndrome ele estremesse como um grande catalisador de terremotos), consegue atravessar paredes, se teletransporta pra qualquer lugar, tem olhos laser e provavelmente contém mais poderes, mas não são mostrados no longa nem em seus extras. Essa invariável e extensa lista de poderes representaria em Zezé seu estado imaturo e ainda sem uma personalidade especifica, criando várias personalidades diferente conforme seu crescimento.
Há outros personagens ainda marcantes no filme como a excêntrica e megalomaníaca estilista Edna, que faz os uniformes dos super-heróis. Ela é uma homenagem a lendária estilista Edith Head, que trabalhou em mais de 400 filmes, ganhadora de 8 Oscar e 35 indicações no mesmo. A personagem é excêntrica e uma das mais marcantes e inesquecíveis de todo o filme. Com as melhores frases-efeitos do longa-metragem.
O filme também tem um dos melhores vilões do cinema dos últimos tempos, Síndrome. Ele representaria o contrário de Edna. Ele é excêntrico, sim, mas para coisas individuais. Gosta se se mostrar, sim, mas de forma brilhantemente maldosa. Matando toda frota de super-heróis para chegar em seu oponente do passado, aquele que o fez sofrer e desbalancear toda uma estrutura hermeticamente criada em volta de seu único "herói".
Nada do que se sucede no filme é premeditado, você pode até saber o que irá acontecer, o que é raro acontecer, mas ainda assim cada cena é chocante, tanto pela beleza do trabalho feito pela Pixar quanto pela desenvoltura da trama e da direção de mestre de Brad Bird. Uma das cenas que se remete a isso é aparte que a estilista Edna aparece em cena, principalmente na parte da amostra das roupas dos super-heróis da família Pêra. Ou quando Beto e Helena tem uma longa discussão, a cena é tensa de tão canalizada que ela se torna, você sabe que crianças não têm poderes na vida real, mas ali não é citado em nenhum dos momentos os poderes deles, fazendo assim a cena se tornar realista nos parâmetros de pais e filhos de hoje. Crianças precisam ser estimuladas a crescerem, mas não pelos sonhos dos pais.
Helena: “Eu não vou virar a vilã da história. Você sabe porque não podemos deixar!”.
Beto: “Por que e seria genial!”.
Helena: “É o sonho dele ou é o seu?!”.
O roteiro é genial, estudado minuciosamente pelo drama-cômico, partindo da ação para a comédia, da comédia para o drama de uma forma irreverente e única. Que Brad Bird repetiu em seu Missão: Impossível – Protocolo Fantasma, mas não tão genialmente como em Os Incríveis. Os Incríveis seria o Missão: Impossível da Pixar, só que com super-heróis e com uma forma intelectual e emocional muito mais forte e abrangente, sendo assim da melhor qualidade, coisa que falta em muitos filmes com pessoa de carne e osso.
Postado originalmente em 'Novo Intelecto' [http://novointelecto.blogspot.com]
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