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Críticas

Cineplayers

Um filme que nos faz relembrar de maneira impressionantemente real os acontecimentos de 11 de Setembro.

8,0

No mesmo mês em que os terríveis atentados de 11 de Setembro completam cinco anos, dois filmes sobre o tema chegam aos cinemas: Vôo United 93 e As Torres Gêmeas. Apesar de serem sobre o mesmo dia, sobre a mesma tragédia, são dois filmes com abordagens completamente diferentes. Enquanto Vôo United traça uma visão mais real, quase documental, sobre a única das quatro aeronaves que não atingiu seu destino no dia dos atentados, As Torres Gêmeas é uma homenagem a todos aqueles profissionais que perderam a sua vida tentando salvar a de outros durante a tragédia.

A abordagem do filme começa pela manhã do dia 11 de Setembro e se estende até quando o avião cai, sem nenhum sobrevivente. Só que todo o tempo que preenche esse intervalo é simplesmente fantástico, facilmente o filme mais tenso do ano. Adotando uma linguagem extremamente realista, inclusive nas expressões e no modo de filmagem, quase documental, somos praticamente jogados dentro daquele avião, que tem um destino trágico certo – e isso contribui para causar emoção em cada detalhe do longa, como, por exemplo, o homem que quase perde o avião (se tivesse perdido, estava vivo até hoje).

Os textos são importantes nesse sentido: como conhecemos o destino de todos, cada mínimo detalhe, plano de vida ou ação dos personagens causa um mal estar imenso no público, afinal, aqueles são os últimos momentos de vida de cada personagem, todos nós sabemos disso e não podemos fazer nada para evitar. Baseado nas investigações reais e nos telefonemas dados pelos tripulantes para suas famílias (presentes no filme, nos momentos mais tocantes do longa), prepare-se para um turbilhão de emoções. Mesmo com o começo incrivelmente calmo (pessoas vivendo, chegando ao aeroporto, etc), o filme inteiro é tenso pelo simples fato de que sabemos o que vai acontecer.

A tensão explícita cresce ao longo que o filme também caminha, pois de forma extremamente delicada vemos os acontecimentos no World Trade Center (principalmente o segundo avião, simplesmente fantástico), no pentágono e como isso afeta aos tripulantes do avião seqüestrado, já que estamos acompanhando suas visões. A dificuldade do público vem do tamanho realismo que o filme possui, já que diversos termos técnicos e todo o ambiente (militar, civil e profissional do tráfego aéreo americano) são retratados sem poupar o público ou perder tempo com explicações que só tomariam tempo total do filme.

Altamente convincente e sem se prender aos clichês de heróis e vilões, o filme simplesmente supõe o que pode ter acontecido dentro do avião a partir dos dados que sabemos, das gravações e dos relatórios de investigação. Os terroristas realmente acreditam que aquilo que estão fazendo é bom, assim como as pessoas de dentro do avião também não são “heróis”, pois estão agindo no desespero pela mais pura vontade de viver, e não pela racionalidade.

Terminando de forma avassaladoramente assustadora, o filme causa um mal estar impressionante – imagino um dos familiares das vítimas assistindo a esse filme. É obrigatório ser visto no cinema, ao contrário, todo o impacto visual fantástico do filme será perdido, principalmente o final. O filme de Paul Greengrass (o mesmo de Domingo Sangrento e A Supremacia Bourne) mantém os pés no chão e se limita a contar a história, e não a causar sentimentos pretensiosos no público. Quando a história é forte por si só, não precisa de interferência externa para ser boa. Em Vôo United 93, Greengrass estava plenamente consciente disso. Espero que Oliver Stone tenha ido pelo mesmo caminho.

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