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Críticas

Cineplayers

Um grande show de artifícios mirabolantes.

5,5

Como se observássemos um número de mágica, somos induzidos pelo diretor Louis Leterrier a acompanhar admirados todo seu filme que é plasticamente atraente. Funciona incrivelmente bem, até começarmos a prestar atenção demais e levá-lo a sério mais do que deveria. Talvez não devêssemos tanto, no entanto, algumas questões o fazem ser grande, ou melhor, querer ser grande. A começar pelo elenco muito bem escalado, mesclando ícones do cinema com estrelas contemporâneas. A narrativa também interessa, já que desperta curiosidade sem tanto esforço e brinca com isso com competência, especialmente pela forma como é filmado. A câmera não para, dança com a grua sobre os personagens e salta sobre as cenas em que alguma mágica está para ser realizada. Tudo fica bonito e fascinante, e também trivial, quase que fugaz.

O clima de obscuridade nos insere no universo de ilusão proposto pelo filme. A apresentação inicial dinâmica de seus personagens é esperta, nos aproxima deles, embora não o compreendamos por falta de cuidado do roteiro. São 4 figuras com diferentes habilidades que se identificarão como os 4 cavalheiros, tornando-se estrelas da noite para o dia após provocarem verdadeiras façanhas envolvendo muito dinheiro. O espetáculo elaborado por Daniel Atlas (Jesse Eisenberg), Henley Reeves (Isla Fisher), Merritt McKinney (Woody Harrelson) e Jack Wilder (Dave Franco) impressiona os olhares atentos dos que lhes assistem entusiasmados. Os atores estão definitivamente convincentes em seus papéis. O curioso é que nos ligamos mais aos atores do que aos personagens. Esses, infelizmente, não têm lá muito tempo em cena juntos para criarem um vínculo mais forte com seus espectadores. A exploração deles é quase nula: conhecemos um pouco um romance passageiro, idolatria de um pelo outro, e megalomania. Nada de tão substancial. Dave Franco é o mais deslocado.

Impressionar o mundo através de um plano mirabolante que tem por detrás ambição por vingança e uma razão social. Sugere-se a possibilidade da existência de mágica como explicação de ações inexplicáveis. Isso dura pouco. Convidados a entrar na onda dos ilusionistas com seus truques, nós embarcamos numa teia de mistério convencional, seguindo clichês bem dispostos numa trama que é essencialmente de cães, gatos e ratos em convulsiva perseguição. Los Angeles, Nova Orleans e Nova York são planos de fundo de tudo que se desenrola. Uma cena de perseguição – ao melhor estilo “Carga explosiva versão econômica” – demonstra a insensatez do espetáculo produzido. É bom recordar que Louis Leterrier é o diretor de Carga Explosiva (The Transporter, 2002), O Incrível Hulk (The Incredible Hulk, 2008) e Fúria de Titãs (Clash of the Titans, 2010). Seria inevitável não realizar qualquer cena que honre sua filmografia.

Nesta história de mistérios e ilusões, onde a mágica e milagres são respostas para aqueles que economizam sensatez, alguns se sobressaem quando investem em respostas. É o agente Dylan Rhodes (Mark Ruffalo) quem fica incumbido de desvendar as artimanhas da astuta quadrilha. Ele conta com a ajuda da inexperiente agente da Interpol, Alma, vivida pela bela francesa Mélanie Laurent do singelo Não se Preocupe, Estou Bem! (Je Vais Bien, ne t'en Fais Pas, 2006) e que apareceu tão bem em Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds, 2009). A loira está precisa e cativante, tornando Alma a personagem mais fértil, estranhamente enigmática. Laurent rouba o filme da trupe americana. Com ela surgem algumas piadas que opõe os Estados Unidos e a França e seus distintos métodos investigativos.

Prático em quase todos os planos, o que dá errado é a veracidade por trás dos fatos, ou da tela. Entendemos claramente que tudo não passa de um truque de mestre, como sugere o título português, mas a essência da trama não se configura num plano lógico, embora tenha seu início e seu resultado. Há pouco tivemos um filme melhor, o esfíngico Poder Paranormal (Red Lights, 2012). O problema desse Truque de Mestre é o meio e a direção desordenada de Louis Leterrier, embora ágil, que se ocupa de um roteiro fantasioso e criativo, porém frívolo que quase se desmancha caso o filme não possuísse um bom ritmo para se segurar. Atores importantes como Morgan Freeman e Michael Caine apenas divertem-se em cena em interpretações convencionais, o que dá indícios de que tudo é uma apresentação lúdica sem grandes pretensões. Não é um exemplar competente de longas com temática semelhante, tal como um O Grande Truque (The Prestige, 2006), mas é bem divertido e, literalmente, ardil.

Comentários (7)

Felipe Ishac | quarta-feira, 25 de Setembro de 2013 - 16:12

Um dos piores plot twist que eu já vi na minha vida

Anderson de Souza | quarta-feira, 25 de Setembro de 2013 - 17:57

Tava tao indo tao bem....ai chega o maldito final. Enfim ainda diverte eo elenco eh bacana

Raphael da Silveira Leite Miguel | quarta-feira, 25 de Setembro de 2013 - 23:26

Esse filme é um dos melhores blockbusters do ano, divertido até o talo, com elenco super-entrosado e direção ágil.

Daniel Oliveira | terça-feira, 18 de Março de 2014 - 00:31

Extremamente mal conduzido.

Compartilho a crítica que escrevi:
http://cinefilosantista.blogspot.com.br/2014/03/critica-truque-de-mestre.html

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